CRÍTICA

Operação: Lioness sofre crise de identidade e atira para todos os lados

A produção do Paramount+ quer ser tudo em todo lugar ao mesmo tempo
DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT
Jill Wagner em cena da série Operação: Lioness
Jill Wagner em cena da série Operação: Lioness

O que é Operação: Lioness (Paramount+)? À primeira vista, parece série militar ou policial, por ter um bando de gente atirando para todos os lados. Mas não são apenas os personagens que disparam a esmo. A parte criativa da trama, liderada por um único homem, se perdeu ao querer ser todo tipo de narrativa. Essa crise de identidade afeta o desenrolar da história.

Séries versáteis são boas. Mas isso só vale se houver um núcleo sólido que sustente os desvios de rota e dite o ritmo da jornada. Acontece que Operação: Lioness não faz isso com a parte militar, aquela com mais potencial de ser a base da trama. Não são poucas as vezes que cenas de tiro, porrada e bomba mais parecem coadjuvantes do todo.

Todas as tramas de Operação: Lioness

A principal personagem do suspense criado por Taylor Sheridan, o mesmo de Yellowstone, é Joe (Zoe Saldaña), agente da CIA, a central de inteligência americana. Ela comanda um programa chamado Lioness, inspirado em operação real da CIA.

Joe tem sob seu comando soldados leais dispostos a obedecê-la nas missões em que são designados. Esse pedaço da série é bem interessante, mostrando um lado bom das criações de Sheridan, perito em criar eletrizantes cenas de ação com muito tiroteio e tensão.

Zoe Saldaña em Operação: Lioness
Zoe Saldaña em Operação: Lioness

Daí vem outra trama de Operação: Lioness. Entra na arena o mundo atrativo e perigoso da espionagem. Joe é encarregada de treinar, administrar e liderar mulheres agentes secretas infiltradas em redes criminosas e terroristas ao redor do mundo.

Ela precisa preparar Cruz Manuelos (Laysla De Oliveira, atriz canadense com sangue brasileiro), jovem fuzileira naval com a missão de ajudar a derrubar uma organização terrorista se infiltrando à paisana, agindo como ricaça para se enturmar com uma das mulheres da facção.

Nesse ponto, a atração ganha tons de quase um reality show, seja aqueles de beleza ou os com jovens mulheres ricas e belas à procura de pegação. Até parece uma série diferente.

Na outra ponta, Joe é a “protagonista” de mais uma história bem destacada, vivendo um intenso drama familiar com tudo o que se tem direito: crise no casamento, segredos guardados e filha adolescente rebelde. 

Não pode ser esquecida a pegada política de Operação: Lioness, encabeçada pelos personagens de Nicole Kidman e Michael Kelly, supervisores da CIA. Nesse setor, o papo são ameaças à soberania americana e jogos de interesse.

O que é Operação: Lioness? Pode ser um drama familiar, de espionagem, quase um reality show, ação policial e militar… A série entra na reta final da primeira temporada a partir de domingo (20), a três episódios do fim. É bom que uma identidade seja definida antes que seja tarde.

Pode ser que Taylor Sheridan tenha sentido o peso de cuidar de um monte de séries ao mesmo, um preciosismo exagerado. Todas as suas criações, de Yellowstone a O Dono de Kingstown, têm os roteiros escritos por ele. Isso é TODOS os roteiros, SOZINHO. Poderia ser uma boa hora de montar uma sala de roteiristas para auxiliá-lo, aliviando a carga e ajudando-o a não perder a mão de séries com boas premissas, caso de Lioness.


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