A maldição da segunda temporada pegou Yellowjackets de jeito. A dois episódios do fim da atual leva, o suspense psicológico é só uma sombra do arraso que foi na virada de 2021 para 2022. O drama, disponível no Paramount+, enfraqueceu ao perder a mão da narrativa do presente, depreciando assim as principais atrizes do elenco por causa de histórias ruins entregues para elas encenar.
O que livra Yellowjackets do pior é a jornada do passado, sobre as adolescentes jogadoras de futebol que fazem de tudo para sobreviver em meio a uma floresta gélida após sofrerem um acidente de avião.
Mas como há a necessidade de dividir a trama, a metade do presente toma um espaço desnecessário, gerando situações forçadas e desconexas; é a definição de “encher linguiça” em uma série.
Apesar de estar bem aquém da temporada de estreia, a segunda tem chance de ser indicada ao Emmy de melhor drama, repetindo feito do ano passado. Isso porventura acontecerá por causa da concorrência fraca. Tirando cinco atrações unânimes na disputa (Succession, A Casa do Dragão, The White Lotus, The Last of Us e Better Call Saul), as outras três vagas estão completamente abertas, com umas dez séries de olho.
Yellowjackets não é mais a mesma
A parcela jovem do elenco está dando conta do recado e segurando a barra nesta segunda temporada. As condições cada vez mais adversas nas quais estão, agravadas pelo passar do tempo sem qualquer sinal de resgate, colocam as atletas sobreviventes no limite. A ponto de praticarem o canibalismo, aguardado momento retratado no segundo episódio.
O grande mistério de Yellowjackets não está apenas neste ato extremo. Tem muita coisa para ser desenrolada sobre o que realmente aconteceu na floresta, onde as garotas passaram 19 meses ao léu. Porém, a série opta por descortinar os segredos bem devagarinho.
A razão disso é porque o drama tem episódios divididos em dois, entrelaçando histórias do passado (meados dos anos 1990) e presente. Aí está o calcanhar de aquiles da narrativa. As jornadas das personagens adultas estão sem propósito, com sequência de acontecimentos sem sentido.
A trajetória de Taissa Turner (Tawny Cypress) é a mais pirada. Ela passa a ter fortes alucinações, remetendo ao que experimentou na floresta, provando ser bastante instável e problemática. Como uma pessoa assim, desequilibrada, consegue ser eleita senadora estadual (por Nova York)? Além disso, como ela simplesmente some do mapa, figura pública proeminente que é, sem chamar a atenção?
Outra personagem adulta descaracterizada é Nat (Juliette Lewis). Yellowjackets simplesmente trancou o talento de Juliette Lewis, que arrasou na primeira temporada, e jogou a chave fora. A personagem porra-louca foi atada, agora chegando ao ponto de ser uma espécie de líder paz-e-amor da seita comanda por Lottie (Simone Kessell).
Com Shauna (Melanie Lynskey), a série foi tão pior quanto, inserindo a personagem de enorme potencial em um melodrama novelesco quase sem fim sobre assassinato, traição, polícia e troca de farpas constantes com a própria filha.
E, para completar o trem desgovernado, Van (Lauren Ambrose) foi apresentada, na versão adulta do presente, como se estivesse no passado: dona de uma locadora de VHS…
A única que se salva das personagens adultas é Misty (Christina Ricci). Ela protagonizou uma boa história ao lado do ricaço investigador amador Walter (Elijah Wood), tendo a oportunidade de manter a personagem no mesmo bom ritmo da primeira temporada.
Dessa forma, Yellowjackets desperdiçou e desvalorizou o talento de seu elenco principal, principalmente de Melanie Lynskey e Juliette Lewis. A intérprete de Shauna fez milagre, conseguindo até entregar mais do que o material que lhe foi dado.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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