Crítica de Seus Amigos e Vizinhos: rico que rouba rico tem cem anos de perdão?

A nova comédia sombria Seus Amigos e Vizinhos, do Apple TV+, tem em seu íntimo uma pergunta provocativa: rico que rouba rico tem cem anos de perdão? É o premiado ator Jon Hamm dando vida a mais um anti-herói, após fazer história na icônica série Mad Men – Inventando Verdades.

Ele encarna Andrew Cooper, um cara podre de rico, envolvido no mundo das finanças, que acumula fracassos, como encarar um divórcio tenso, que o faz perder dinheiro e a moral, além de ser demitido de forma traiçoeira.

Sem conseguir retornar ao mercado de trabalho, ele se depara com outro caminho para manter o estilo de vida exuberante: roubar os seus vizinhos igualmente milionários.

Nesse ponto, Seus Amigos e Vizinhos faz provocações sobre riqueza, consumismo e ostentação. 

Coop até tenta se justificar ao roubar um relógio de um vizinho, a rara peça Richard Mille Felipe Massa, avaliada em mais de um milhão de reais. Ele diz que o tal vizinho tem dezenas de relógios, nem usa esse direito e não vai sentir falta.

Cria-se aí um vínculo politicamente incorreto entre o espectador e o protagonista, com o público torcendo para Coop se dar bem e sair da enrascada na qual se encontra, mesmo ele sendo um ladrão como outro qualquer. 

Para os defensores de Coop, ao menos ele está roubando gente rica… •

João da Paz

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br