QUEIMOU O FILME

Crítica de Blockbuster: sitcom decepciona e testa tolerância do espectador

Nova comédia falha no principal: simplesmente não é engraçada
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Melissa Fumero na comédia Blockbuster
Melissa Fumero na comédia Blockbuster

A sitcom Blockbuster, que estreou na última quinta-feira (3) na Netflix, é uma decepção. O desapontamento é grande porque havia uma expectativa enorme acerca da série, que no papel tinha muito potencial. Contudo, a execução deixou a desejar, entregando um produto final cheio de erros e essencialmente ruim. É um teste para ver até onde vai a tolerância do espectador. Em qual episódio você desistiu? Conseguiu passar do primeiro?

Existe uma ironia apetitosa sobre a sitcom Blockbuster, por retratar a rotina em uma locadora de vídeos que é exatamente a mesma empresa famosa, entre as décadas de 1980 e anos 2000, que recusou comprar a Netflix quando ela era apenas tinha um negócio de aluguel de DVDs via correio. No final das contas, a expansão e domínio da Netflix ajudou a Blockbuster real a falir.

A trama mostra como é o trabalho na última Blockbuster dos Estados Unidos. O interessante é que os produtores da série compraram a marca da antiga locadora, podendo usar assim tudo relacionado a ela, como o logo, os uniformes dos funcionários, a decoração da loja…

Percebe-se o quanto a série poderia ser mais interessante. Porém, essa mística é pouco aproveitada e o resultado acaba sendo apenas uma sitcom fraca dentro de um ambiente de trabalho. Quase nada funciona.

É ficção, mas é muito inverossímil

A série Blockbuster brinca com o nível de tolerância do público. A começar pela construção da base da trama. Como a última Blockbuster viva tem seis pessoas trabalhando ao mesmo tempo, no mesmo turno? Quem entende bem pouco de administração de negócios sabe que isso seria impossível.

Em certo momento, o gerente da loja, Timmy Yoon (Randall Park), tem de demitir ao menos um funcionário. A escolha óbvia seria a adolescente Kayla Scott (Kamaia Fairburn), que além de odiar trabalhar lá é uma péssima personagem. Ela, contudo, permanece no cargo, isso apenas por ser filha do melhor amigo de Timmy…

Kayla foi construída para encarnar a sarcástica do grupo de personagens, para trazer a visão mais contemporânea dentro de uma cápsula do tempo de outrora. Mas ela falha miseravelmente em tudo o que faz, não acrescenta coisa alguma ao disparar falas pobres e irritantes.

Só um personagem de Blockbuster escapa da desgraça. Carlos Herrera (Tyler Alvarez) é o apaixonada por cinema, aquele que representaria o núcleo ideal da sitcom, focando em quem conhece tudo sobre filmes, amor compartilhado com os clientes da locadora. Essa dinâmica é esporádica ao longo dos episódios.

Pouco da experiência real de visitar uma locadora foi retratado em Blockbuster. Para quem viveu aquela época, ir em um local assim, na sexta à noite ou no sábado, era um evento. Indiscutivelmente, desse balaio teria muitas boas histórias para serem extraídas. 

Ao invés disso, a sitcom optou pelo caminho mais burocrático possível, incluindo armar uma desnecessária trama romântica entre dois personagens, naquela gangorra do vai-ou-não-vai dar namoro. 

E, acima de tudo, o principal: Blockbuster simplesmente não é engraçada.

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