Série que enfrentou problemas graves nos bastidores acerca de decisões criativas, Bel-Air finalmente encontrou o ponto certo da trama na segunda temporada. A versão dramática de Um Maluco no Pedaço melhorou bastante na nova leva de episódios, programada para estrear na quarta-feira (31), no Star+. O protagonista ganhou uma boa história para liderar. E cada coadjuvante foi presentado com jornadas empolgantes, fazendo a atração tirar nota 10 no quesito conjunto.
O maior dilema de Bel-Air foi como fazer um drama baseado na comédia eternizada por Will Smith e companhia. Tinha a corrente a favor de produzir algo na linha HBO, com narrativa densa e complexa. Outra opção seria desenvolver um enredo mais simples de entender, copiando o modelo de dramas da TV aberta americana.
Encomendada antes do lançamento da série, a segunda temporada precisava sair do papel, de um jeito ou de outro. A missão foi dada para Carla Banks-Waddles, simplesmente a quarta showrunner de Bel-Air. Ela se encaixou por trazer o melhor dos dois mundos, tendo trabalhado na TV aberta (Good Girls) e streaming prestigiado (Truth Be Told, do Apple TV+) como roteirista e produtora.
Segunda temporada de Bel-Air
A melhora de Bel-Air é nítida na trajetória de Will, o personagem principal vivido por Jabari Banks. O drama abraçou a habilidade que ele tem dentro da quadra de basquete e explorou isso de ponta a ponta na segunda temporada. Ele está de olho em virar jogador profissional, quem sabe fazer parte da NBA. Para tanto, precisa decidir onde vai se preparar melhor, defendendo a escola onde estuda ou jogar em um time amador.
Entra em cena Doc Hightower (Brooklyn McLinn), olheiro que se impressiona com o talento de Will e o chama para atuar pelo seu time, formado por jovens craques da bola laranja, todos com o mesmo desejo e potencial de virar profissional. Doc é enigmático e planta a semente da dúvida no telespectador: será que ele tem boas intenções mesmo ou é o grande vilão da vez?
Paralelo a isso, Will segue sua adaptação dentro da família Banks, ainda não tendo relação sólida com o tio Phil (Adrian Holmes). Oposto disso, ele se aproxima cada vez mais do primo Carlton (Olly Sholotan). E vem aí mais um interesse romântico, gerando o tradicional triângulo amoroso, com Lisa (Simone Joy Jones) no meio do rolo.
O maior acerto da segunda temporada de Bel-Air foi dar boas histórias a todos os coadjuvantes. Phil, por exemplo, entra em uma encruzilhada ao ter de decidir o que fazer com a firma de advocacia que lutou tanto tempo para erguer e liderar, precisando ainda por cima lidar com uma crush das antigas que ressurge.
Tia Viv (Cassandra Freeman), por sua vez, está prestes a dar uma guinada verdadeiramente importante na carreira de pintora. Porém, terá de encarar desafios, como superar a insegurança e ter determinação para tomar o lugar que é seu por merecimento.
Carlton protagoniza uma das jornadas mais profundas da série, por necessitar contornar a ansiedade e depressão que carrega, em parte por sentir a pressão de ser o filho perfeito dos Banks. Isso quer dizer batalha ferrenha contra as drogas.
Hilary (Coco Jones) segue com a ótima história sobre independência e empreendedorismo na era digital (completamente diferente da Hilary de Um Maluco no Pedaço, registra-se). Ela ganha um triângulo amoroso para chamar de seu, dividida entre Jazz (Jordan L. Jones) e o ex-namorado Lamarcus (Justin Cornwell), jogador de futebol americano que atua na NFL.
Ashley (Akira Akbar) é subutilizada nessa temporada, merecia mais destaque. Contudo, é ela quem centraliza o grande arco narrativo da leva: protesto de estudantes pretos da prestigiada escola Bel-Air Academy após a demissão de Mrs. Hughes, professora de Ashley
Mrs. Hughes é uma das poucas professoras pretas do elitizado colégio. É dado espaço para discussão sobre representatividade, consciência de classe e de raça. Eventos diversos da segunda temporada, direta ou indiretamente, se conectam com a demissão da professora.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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