Em 1º de janeiro do ano passado, Jeremy Renner quase morreu, segundo seu próprio depoimento e avaliação de médicos. Um ano depois, ele estava reaprendendo a andar quando voltou ao set de Mayor of Kingstown para gravar a terceira temporada do drama criminal, que estreia no Brasil na segunda-feira (3), no Paramount+. Como ele conseguiu realizar esse trabalho?
O acidente sofrido por Renner no primeiro dia de 2023 foi aterrorizante. Uma máquina de remover neve (chamada em inglês de snowcat) passou por cima dele. Renner foi atropelado pelo veículo desgovernado ao ajudar o sobrinho, cujo carro estava atolado na neve.
As lesões que o ator teve: oito costelas quebradas em 14 lugares. Joelho direito quebrado, tornozelo direito quebrado, tíbia da perna esquerda quebrada, tornozelo esquerdo quebrado, clavícula direita quebrada, ombro direito quebrado. Rosto, cavidade ocular, mandíbula quebrada. Pulmão entrou em colapso. Osso da costela perfurou o fígado…
Ele foi generoso o bastante para mostrar sua recuperação em vídeos postados nas redes sociais. Via-se claramente que Renner estava com dificuldades para realizar tarefas simples do cotidiano, como andar. Mas ele não fugiu do desafio de gravar cenas físicas e voltou ao trabalho um ano depois do acidente. Claro, não foi nada fácil, principalmente pelo fato de ter de precisar reviver um personagem, de ter de atuar.
“Tentar criar alguma verdade e depois fazer com que o público acredite nela [foi complicado]”, confessou Renner, em entrevista ao jornal Los Angeles Times. “Isso enquanto apenas estava tentando aprender a andar de novo, a colocar um pé na frente do outro”. O que pegou mesmo ele foi ter de voltar ao mundo fictício. “Para ser honesto, eu realmente considerei se isso era uma coisa que eu realmente precisava fazer.”
Naturalmente, o ator não estava na mesma rotação do que nas duas temporadas anteriores. Nas primeiras semanas de gravação, ele desmaiava de cansaço, capotando de sono, entre uma cena e outra. “Eu estava trabalhando muito, durante muitas horas, muitos dias seguidos.”
Então, ajustes foram feitos para acomodar Renner da melhor forma possível, como reprogramar horários de gravação. Diferentemente dos dois anos anteriores, o ator ficou na cidade de Pittsburgh (EUA) durante os quatro meses de gravação, ao invés de cruzar os EUA a todo instante até a sua casa, localizada na Califórnia, na outra ponta do território americano.
Em entrevistas diversas, Renner declara que o humor é a ferramenta que usa para driblar adversidades. Afinal, como diz, o acidente lhe trouxe um benefício: jamais ele terá um dia ruim em seu futuro, pois o seu pior dia da vida já aconteceu.
Nesse espírito, Renner brincou que o prefeito/dono de Kingstown “agora tem 14 anos”, isso porque a equipe de produção “teve de cuidar de mim como se eu fosse um ator mirim.”
A terceira temporada de Mayor of Kingstown
Em Mayor of Kingstown, Jeremy Renner interpreta Mike McLusky, o cara responsável por criar um equilíbrio entre várias gangues e a lei, para evitar uma guerra, como ele mesmo define ao explicar qual é o seu trabalho. Por isso o chamam de prefeito (mayor, em inglês). Seu santuário é a cidade fictícia de Kingstown, localizada no Estado de Michigan (EUA).
O tal balanço almejado corre risco por causa de uma visita indesejada. Uma série de explosões abala Kingstown e seus cidadãos assim que uma nova figura da máfia russa se estabelece na cidade. Ao mesmo tempo, um conflito movido pelo comércio de drogas se intensifica dentro e fora dos muros da prisão.
A pressão toda recai sobre Mike para acabar com a guerra. Mas as coisas ficam complicadas quando um rosto familiar, da época de seu passado atrás das grades, mina a tentativa do “prefeito” de manter a paz entre todas as facções.
Ex-presidiário, Mike tem boa conexão com indivíduos da marginalidade. Quando vivia no xadrez, exerceu a função de porta-voz do grupo formado por detentos brancos. Mesmo tendo métodos de negociação nada convencionais, ele exerce sua influência entre os detentos para tentar deixar Kingstown no sossego, estabelecendo convivência harmônica entre o crime e a polícia.
