MERCADO

Com rivais de pires na mão, Netflix volta a comprar conteúdos de terceiros

Depois da Warner, Disney abre parte de seu catálogo para licenciamento
REPRODUÇÃO
Netflix volta a agir como se fosse 2013
Netflix volta a agir como se fosse 2013

A Netflix parece que voltou no tempo. Como se fosse 2013, a gigante do streaming está disposta a comprar cada vez mais conteúdos (séries, filmes) de terceiros. A retomada para valer dessa tática se deu com a Warner Bros. Discovery, que fez o impensável: licenciou atrações da HBO. Na fila está a Disney. A plataforma do tudum nada em dinheiro enquanto a concorrência, de pires na mão, adota a política severa de contenção de gastos.

Dentro desse cenário, a Netflix enxerga uma boa oportunidade. E o negócio acaba sendo bom para ambas as partes, como a Warner confessou. As séries da HBO que recentemente passaram a ser disponibilizadas na Netflix (Insecure, True Blood, Ballers, A Sete Palmos, Irmãos de Guerra e O Pacífico) registraram aumento de buscas na HBO Max, a plataforma da Warner; as séries ficam disponíveis nos dois serviços, acordo de coexclusividade.

David Zaslav, CEO da nova Warner, sempre foi muito claro sobre sua meta de cortar bilhões de dólares. Fez isso de tudo que é jeito, incluindo demitir funcionários. Ele também nunca escondeu que quase a totalidade do conteúdo do grupo Warner está na praça à venda, menos as grifes da HBO. É a chance de entrar um dinheiro extra no caixa e equilibrar o balanço financeiro.

A Disney age igual. O CEO da casa do Mickey Mouse, Bob Iger, anunciou aos acionistas da empresa, na semana passada, a meta de enxugar as despesas em US$ 2 bilhões nos próximos meses. Com o mesmo pensamento da Warner, Iger abriu o catálogo da Disney em busca de interessados em licenciamentos. Somente produções da Marvel, Pixar, Star Wars e clássicos da Disney são intocáveis.

Esse movimento de Iger é totalmente o oposto de quase dois anos atrás. Em entrevista ao jornal The New York Times, o executivo comentara que vender conteúdo original para terceiros seria como “vender tecnologia de armas nucleares para um país de terceiro mundo e depois perceber que essas armas vão ser usadas em guerra contra nós.”

Há dez anos, a Netflix fazia a festa com conteúdos de grandes estúdios hollywoodianos, como filmes e séries da Marvel (Disney) e Friends (Warner). Daí, essas empresas do tipo legacy media passaram a se movimentar e elaborar cada uma o próprio streaming para exibir os conteúdos que elas mesmas produziam, fazendo valer a exclusividade plena.

O tempo passou e todo mundo percebeu que esse negócio de streaming não é fácil. Hoje, o único streaming americano que dá lucro é a Netflix. Disney e Warner só acumulam prejuízos com as respectivas plataformas, Disney+/Hulu/Star+ e HBO Max. A forma de amenizar o baque é compartilhar.

Zaslav, em conversa com analistas em agosto, resumiu bem a atual realidade desse mercado: “Licenciar parte do conteúdo para outras plataformas de streaming, tipo Netflix e Amazon, como parte de um acordo de coexclusividade, é um negócio inteligente. Nós vamos expandir nossa audiência ao mesmo tempo em que aumentamos o valor de determinada produção. E, de tabela, melhoramos a receita. E esse é o nosso trabalho, buscar o melhor retorno possível do nosso investimento.”

A Netflix agradece.


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