MARTÍRIO

Cerco dos EUA contra o aborto é retratado na série As Garotas do Ônibus

Produção da Max faz um relato fidedigno sobre esse tema tão polêmico
DIVULGAÇÃO/MAX
Melissa Benoist na série As Garotas do Ônibus
Melissa Benoist na série As Garotas do Ônibus

[Atenção: spoilers a seguir]
O oitavo episódio de As Garotas do Ônibus – Jornalistas de Campanha (Max), lançado na última quinta-feira (25), retratou como os Estados Unidos apertaram o cerco contra o aborto depois que a Suprema Corte derrubou a proteção constitucional desse direito. Assim, cada Estado do país pode decretar se permite ou não tal prática.

Esse cenário foi usado pela trama da série, sobre jornalistas cruzando os quatro cantos da nação norte-americana, de ônibus, acompanhando candidatos à Presidência dos EUA em campanha eleitoral. Como ficaria a vida de uma repórter que engravidasse durante a viagem e decidisse abortar?

Foi essa pergunta que Rina Mimoun, uma das roteiristas do episódio em questão, fez ao propor inserir o tema do aborto na interação entre as quatro jornalistas protagonistas. Por estarem na estrada, pulando de um Estado para o outro, a narrativa ganharia importância por dissecar a dificuldade que uma mulher enfrenta caso decida interromper a gravidez.

A personagem escolhida foi a jovem repórter Sadie, interpretada por Melissa Benoist. Ela ficou grávida após uma noite de sexo casual com um peguete das antigas que agora trabalha como assessor de uma das políticas candidatas. Imediatamente, Sadie reconheceu que não é a hora de ser mãe e procurou meios legais para abortar.

Após pesquisas e consulta médica, o método escolhido foi tomar pílulas. Nesse momento, ela estava na Califórnia, Estado no qual o aborto é legal. Mas o medicamento não chegou no hotel em que se hospedava a tempo, e ela teve de pegar a estrada para seguir o ônibus. Bastava apenas redirecionar a entrega para a próxima parada, certo?

Não, por causa de um detalhe: o destino do ônibus era o Estado do Missouri, onde o aborto é proibido, sem exceções. Sadie, então, precisou pensar em outra solução. Sua médica mandou as pílulas para o Estado vizinho ao leste, Illinois, onde o aborto é legal. Depois de passar por vários perrengues, a jornalista finalmente conseguiu pegar o medicamento e iniciou o processo do aborto.

Melissa Benoist falou, em entrevista para o site Variety, que foi meio surreal gravar esse episódio, pois as cenas fictícias estavam muito próximas da realidade. “Todos nós estávamos com raiva porque foi algo que meio em tempo real”, comentou. “Enquanto estávamos gravando esse episódio, as leis estavam mudando e as coisas estavam dando errado [na realidade].”

Rina Mimoun revelou que essa narrativa do aborto não estava prevista na ideia original de Amy Chozick e Julie Plec, as criadoras de As Garotas do Ônibus. A roteirista achou que a série não poderia deixar de passar a oportunidade de abordar o tema por causa do atual cenário político e social.

“Como seria difícil, agora, conseguir um aborto se uma mulher optar por isso?”, questionou Rina. “Considerando que hoje inúmeras barreiras estão no meio desse caminho. E como seria praticamente impossível ter acesso ao aborto legal enquanto se está viajando pelo país.”

Dos 50 Estados que formam os Estados Unidos, mais o Distrito Federal:

  • 14 proíbem o aborto completamente (como Missouri)
  • 15 permitem o aborto, mas só dentro de um período específico da gravidez
  • 22 permitem o aborto legal sem restrições (como Illinois)

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