BASTIDORES

Como Better Call Saul evitou furos de roteiro em comparação a Breaking Bad

Comédia dramática jurídica comemora dez anos neste sábado (8)
DIVULGAÇÃO/AMC
Bryan Cranston (à esq.) com Bob Odenkirk em Breaking Bad
Bryan Cranston (à esq.) com Bob Odenkirk em Breaking Bad

A série Better Call Saul (2015-2022), que comemora dez anos neste sábado (8), tem muitos trunfos. Um deles é a harmonia perfeita entre os acontecimentos narrados ao longo das seis temporadas e os fatos do passado mostrados ou falados em Breaking Bad (2008-2013). Não foi nada fácil atingir essa precisão, que evitou furos de roteiro, tropeço comum em atrações da mesma franquia.

Quem acompanhou as duas séries, não importa a ordem, percebeu que Better Call Saul foi fiel à trama mãe nos detalhes mais minuciosos. Para chegar nesse resultado, houve uma dedicação intensa de somente duas pessoas nos bastidores. Elas elaboraram um documento de 52 páginas sobre todas as ligações entre ambas as narrativas.

Ariel Levine (roteirista) e Kathleen Williams-Foshee (coordenadora de roteiro) formaram a dupla que manteve Better Call Saul na linha. Não houve introdução de personagem ou trama sem uma consulta prévia sobre um possível paralelo com Breaking Bad. O objetivo era evitar erros de continuidade.

Para tanto, haja maratona. Em entrevista ao jornal The New York Times, Ariel disse que assistiu Breaking Bad sete vezes, do começo ao fim. Já Kathleen viu, pelo menos, cinco vezes. “Só o episódio em que Saul foi apresentado [na série mãe, o oitavo da segunda temporada], eu vi umas 20, 25 vezes”, revelou Ariel.

As guardiãs de Better Call Saul

O esforço tinha uma razão de ser. Na sala de roteirista, durante a construção dos episódios, as duas tinham liberdade de intervir em qualquer situação, apontando o que poderia ser feito (ou não) com um personagem ou cena, sempre se baseando nas histórias mostradas em Breaking Bad.

Fazendo valer a lei de que toda regra tem exceções, algumas situações em Better Call Saul não bateram com Breaking Bad propositadamente, em prol da narrativa do drama filhote.

Foram questões marginais à história principal, como a data de formatura de Saul Goodman/Jimmy McGill (Bob Odenkirk) ou quantas mulheres ele se casou antes de se juntar com Kim Wexler (Rhea Seehorn).

Ariel e Kathleen tiveram total domínio desse segredo que até conseguiram se livrar da kryptonita delas. Um item simples como um mero calendário poderia minar todo o trabalho, pois um espectador mais atento, caçador de falhas, poderia apontar inconsistências na ordem dos eventos. 

Por isso, as duas fiscalizaram de perto a produção e não deixaram que qualquer tipo de calendário aparecesse nos episódios sem uma justificativa plausível.

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