BALANÇO

Audiência do Apple TV+ é apenas 0,2% de todo mercado televisivo

Plataforma conclui que não vale investir fortunas em séries e filmes que ninguém vê
DIVULGAÇÃO/APPLE TV+
Jennifer Aniston em cena de The Morning Show
Jennifer Aniston em cena de The Morning Show

Prestes a completar cinco anos, o Apple TV+ chegou à conclusão de que não vale a pena investir bilhões de dólares em séries e filmes que ninguém vê. De acordo com reportagem do site Bloomberg, o streaming da maçã vai refazer as contas para perder o rótulo de maior gastador de Hollywood e não ter ibope: a fatia de audiência do Apple TV+ é de apenas 0,2%, isso no mercado televisivo americano.

Um exemplo claro do que significa esse número: o que o Apple TV+ consegue atingir de audiência em um mês inteiro é menos do que a Netflix consegue gerar em um único dia.

Nessa meia década em atividade, o Apple TV+ se tornou símbolo de qualidade e prestígio. Atraiu grandes nomes hollywoodianos para produzirem e atuarem em séries e filmes do mais alto patamar. Colheu frutos com isso, como:

  • Oscar de melhor filme, por Coda, em 2022 (conquista antes das rivais Netflix e Prime Video)
  • Dois Emmys de melhor comédia, por Ted Lasso, em 2021 e 2022
  • Série líder de audiência no streaming, em 2023 (Ted Lasso)
  • 72 indicações ao Emmy de 2024, melhor performance do streaming da maça em uma única edição do Oscar da TV

Tudo isso, literalmente, vem por um preço e tanto. Em cinco anos, foram gastos mais de 20 bilhões de dólares em conteúdo original, de filmes a séries. O problema é que a audiência no geral é baixíssima, com exceções (tipo Ted Lasso). A Apple viu que não dá para viver de elogios da crítica especializada, que exalta, com razão, a qualidade de suas produções. Se ninguém está assistindo, não faz sentido o vultuoso investimento.

Por isso, o Apple TV+ tem cada vez mais cancelado séries após uma ou duas temporadas, perdendo aquele selo de confiança de que seguiria com uma atração até o final adequado, custe o que custar. Acontece que esse tal custo começou a pesar e o facão passou a rolar solto, de forma impiedosa.

Os investidores da Apple, em sua maioria, estão mais interessados no desempenho das vendas de iPhones e computadores. Mas o alerta foi disparado após notarem que a empresa, somente para bancar o elenco do drama The Morning Show na quarta temporada, gastou 50 milhões de dólares, algo nunca visto no mundo do entretenimento (praticamente dá para fazer uma temporada completa de um drama policial procedural com esse valor).

A segunda temporada de Ruptura, por exemplo, ficou pronta com cada episódio custando 20 milhões de dólares. É o mesmo valor que a HBO gasta com A Casa do Dragão, série que precisa de tamanho investimento por causa dos efeitos especiais de ponta e sets em locações ao redor do mundo, o que não é o caso de Ruptura.

Não existe desespero na Apple em relação ao seu streaming, imaginando algo como uma implosão. Fato é que, daqui para frente, a plataforma irá prestar mais atenção no orçamento de cada atração encomendada, procurando economizar o máximo possível e evitar o desperdício. Isso é algo que os executivos podem controlar. 

Só não podem esquecer de ações relevantes e diretas voltadas ao consumidor direto para a audiência crescer e seja, no mínimo, competitiva, algo que justifique a fortuna investida.

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