SEM CENSURA

Antes de Ballers havia Playmakers, série proibida da ESPN que irritou a NFL

Primeira e única série do canal esportivo completa 20 anos
DIVULGAÇÃO/ESPN
Elenco de Playmakers em foto promocional
Elenco de Playmakers em foto promocional

Produção da HBO que faz sucesso na Netflix, Ballers mostra certos bastidores do mundo da NFL expondo podres aqui e ali. Mas a trama protagonizada por Dwayne “The Rock” Johnson é café com leite se comparada a Playmakers, série da ESPN lançada há 20 anos que chutou o balde ao narrar, sem censura, a rotina de um time de futebol americano. A audácia foi tanta que a NFL se meteu onde não foi chamada e fez de tudo para o drama esportivo polêmico sair do ar; e conseguiu.

Sim, o maior canal esportivo do mundo já exibiu uma série original. Em 26 de agosto de 2003, Playmakers foi lançada, a primeira e única produção roteirizada da ESPN. A história emulou o que acontecia longe dos gramados da NFL. A liga, porém, não curtiu a representação crua ali encenada, com drogas e violência destacadas, e fez campanha para acabar com a atração. Com o rótulo de proibida, Playmakers desfruta o status de cult duas décadas depois.

Indisponível no mundo dos streamings e nunca mais exibida na TV, Playmakers sobrevive no YouTube (em inglês) por causa de internautas que recuperaram os episódios perdidos. A reação de pessoas mais novas, aquelas que não viveram a época da polêmica, é de espanto com inúmeras coisas.

Chama a atenção o fato de ser uma série da ESPN, vitrine mais conhecida por exibir grandes eventos esportivos. O canal do grupo Disney fez parceria com gente do ramo em Hollywood, como a produtora Touchstone Television, para dar vida à criação de John Eisendrath, respeitado produtor-executivo de grandes séries, tipo Lista Negra.

Outro fator chocante observado é o retrato sem filtros de acontecimentos delicados, como atletas usando drogas (tem um que fuma crack antes de jogo) e agressão contra a mulher (violência doméstica). Ambas as situações são bem reais, e a NFL tem de lidar com isso temporada após temporada, suspendendo e multando jogadores.

Tem quem observa que Playmakers esbanja uma pegada estilo HBO, aquela do início (Era Oz). A trama esportiva pode não ter atingido nível de Emmy, mas provou-se longe de merecer cancelamento. Há uma qualidade ali, de atuação e roteiro.

O elenco foi formado por Omar Gooding (Barbershop), Marcello Thedford (Sons of Anarchy), Christopher Wiehl (Jericho), Jason Matthew Smith (Sons of Anarchy), Russell Hornsby (BMF), Anthony John Denison (Crimes Graves), entre outros.

Russell Hornsby em cena de Playmakers
Russell Hornsby em cena de Playmakers

Por que Playmakers saiu do ar

A NFL ordenou que a ESPN tirasse Playmakers do ar, simples assim. Não dessa forma direta, porém com muita pressão. A liga considerava o canal parceiro, pois exibia jogos do campeonato há anos, e não admitia que o “escudo” fosse manchado em ataque com cara de fogo amigo.

Em nenhum momento a série mencionou qualquer coisa relacionada à NFL. O time no centro da narrativa, os Cougars, representava uma cidade fictícia. O campeonato era The League (A Liga), e por aí foi… Mesmo assim, as referências indiretas eram explícitas, não tinha como dissociar uma coisa da outra.

Executivos da NFL cobravam a ESPN constantemente sobre a necessidade de uma série com esse conteúdo. Uma ação que enfureceu os engravatados foi a propaganda de Playmakers em intervalo de uma partida da NFL na ESPN. Imediatamente, eles ligaram para o canal pedindo para nunca mais fazerem esse tipo de promoção; a ordem foi acatada.

Dirigente de clubes da NFL, assim como jogadores, também reclamavam da série. A ESPN ficou encurralada sem ter outra opção a não ser, depois de apenas 11 episódios, determinar o cancelamento. 

Vinte anos depois, muitas perguntas surgem sobre o que seria de Playmakers se estivesse em outro canal, como a HBO, por exemplo. Talvez durasse mais…

Fato é que a HBO realizou algo relacionado, na série Ballers. Mas a comédia dramática estrelada por The Rock é bem light em relação aos temas mais densos. Por isso, a NFL marcou presença com nomes de times reais e outras situações. Jogadores também foram citados, quando não apareceram em carne e osso fazendo figuração.


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