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Análise: Dom romantizou bandido gato ou contou a história real?

Principal série nacional do Prime Video concluiu sua narrativa com a 3ª temporada
DIVULGAÇÃO/PRIME VIDEO
Gabriel Leone na 3ª temporada de Dom
Gabriel Leone na 3ª temporada de Dom

A série Dom, principal produção brasileira do Prime Video, concluiu sua história com a terceira temporada, lançada no último dia 24. Desde a estreia, em junho de 2021, o drama recebeu críticas por uma suposta romantização da jornada de Pedro Dom, o Bandido Gato, conhecido por chefiar uma quadrilha especializada em assaltar mansões no Rio de Janeiro dos anos 2000. Após o final, dá para cravar que houve de fato essa glamourização ou nada foi retratado além dos fatos?

De cara, a série Dom deixou claro que seguiria a jornada de um pai, Victor Dantas (Flávio Tolezani), que fez de tudo para livrar o filho, Pedro Dantas (Gabriel Leone), das drogas. As ironias da vida: Victor foi um policial que viveu no combate contra os entorpecentes, um soldado no campo de batalha enfrentando o tráfico, e viu o seu filho se entregar ao vício.

Pedro se tornou um dependente químico ao mesmo tempo em que passou a ser um dos ladrões mais procurados do Rio, com força policial em peso em sua caça enquanto era manchete dia após dia na imprensa policialesca. Então, a trama da série propôs uma pergunta: será que o amor de um pai seria suficiente para salvar a vida de um filho no meio dessa guerra?

Como mostra a produção, Victor tinha ciência da gravidade dos atos de Pedro. Porém, a situação tensa chegou a um ponto que ele teve de lutar pela vida do filho, pois ele não escaparia vivo das mãos da polícia, caso optasse por uma entrega visando encarar os trâmites legais na Justiça, pagando pelos crimes que cometeu. Nas ruas, entre a bandidagem, Dom também não estava a salvo.

Gabriel Leone com Flávio Tolezani em Dom
Gabriel Leone com Flávio Tolezani em Dom

Na terceira temporada, a série Dom trouxe trechos de uma entrevista que Victor Lomba, pai real de Dom, concedeu ao diretor Breno Silveira, em 2018. Foi um acréscimo importante para contrapor a narrativa vendida pela imprensa de que Dom resistiu à prisão e, por isso, foi executado.

“O tiro que matou meu filho foi dado aqui”, contou Victor, que mostrou as costas, em ponto logo abaixo do ombro, à esquerda. “E saiu aqui [ele toca no abdômen]. Significa que ele [Pedro] estava ajoelhado. [O tiro] foi dado de cima para baixo, descendente pelas costas.”

Em mensagem logo após essa fala, a atração destaca que Victor lutou durante anos “para que esta história fosse contada. “Não há uma dor maior do que a dor da perda de um filho. Não tem”, afirmou o ex-policial. 

“Eu não sei se vai ajudar as pessoas a não se drogarem, ou a governos mudarem suas políticas esdrúxulas”, continuou Victor. “Eu acredito que não. Mas vai aliviar o coração de muitos pais que perderam os filhos para as drogas. Como eu”. Pedro Dom foi assassinado em 2005; tinha 23 anos.

Victor morreu em 2018, de câncer de pulmão, tempo no qual a série Dom ainda estava sendo roteirizada.

Os críticos de produções nacionais como Dom, que tratam da violência e do submundo da bandidagem, chiam por causa de uma hipotética glamourização do crime. Cada caso é um caso. Em Dom, claramente, o Bandido Gato não foi maquiado, mostrou-se ali um comportamento vil e corrompido. 

Justamente a cena final, de Pedro Dom sendo fuzilado sem resistir, ilustra o empenho de seu pai em mostrar ao mundo essa parte da história, que sofreu manipulação das forças policiais e imprensa, segundo seu relato. Na mira do fuzil, além de um bandido periculoso, estava um dependente químico que precisava de ajuda para se livrar do vício e, quem sabe, voltar ao convívio em sociedade. 

Contudo, a decisão foi acabar com a sua vida sem considerar outra coisa além da execução sumária. E a série Dom serviu para passar essa mensagem clara, aquela que Victor planejou.

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