DILÚVIO

A Inundação do Milênio: conheça a história real da série polonesa da Netflix

Confira detalhes da atração e saiba tudo sobre os fatos reais ocorridos na Polônia há 25 anos
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Cena da minissérie A Inundação do Milênio
Cena da minissérie A Inundação do Milênio

A minissérie polonesa A Inundação do Milênio estreou com tudo na Netflix, alcançando o posto de segundo programa mais visto na plataforma 24 horas após a estreia, realizada na última quarta-feira (5). A produção, aposta da Netflix para conquistar o mundo, é baseada em fatos reais e narra a chamada inundação do milênio (ou powódź tysiąclecia, em polonês), dilúvio que atingiu o sudoeste da Polônia em 1997, causando dezenas de mortes e acarretando um prejuízo bilionário.

Composta de seis episódios, A Inundação do Milênio começa a história em julho de 1997, quando cientistas e funcionários do governo polonês precisaram tomar decisões de vida ou morte quando uma enchente destruidora ameaçava a cidade de Breslávia.

Autoridades locais, lideradas por Jakub Marczak (Tomasz Schuchardt), convidaram Jaśmina Tremer (Agnieszka Żulewska), uma hidróloga com um passado conturbado, para ajudar a salvar a cidade a qualquer custo.

Ao mesmo tempo, Andrzej Rębacz (Ireneusz Czop) retornou à sua cidade natal, um vilarejo perto de Breslávia, liderando inesperadamente os moradores rebeldes contra o desastre.

Correndo contra o tempo, as autoridades tomaram uma decisão difícil que mudou para sempre a vida dos personagens principais e a trajetória de toda a região e seus habitantes.

Imagem de 1997 da cidade de Breslávia coberta de água
Imagem de 1997 da cidade de Breslávia coberta de água

A Inundação do Milênio é baseada em fatos reais?

Muita coisa da minissérie foi adaptada para encaixar em um roteiro fictício, pequenos dramas entre personagens e coisas relacionadas. Mas o grosso dos acontecimentos reais foram encenados, principalmente o desprezo das autoridades em relação aos alertas dados. Muitos duvidavam que uma catástrofe dantesca iria se concretizar, como alguns especialistas previam.

Esse descaso foi revelado já na época. Noticiários locais batiam nessa tecla insistentemente, de que não fora feita uma ação prévia e rápida como deveria. O resultado foi a pior enchente em cem anos.

Uma chuva torrencial atingiu a Europa Central durante semanas, no verão de 1997 (mês de julho). O principal rio atingido foi o Oder, que cruza a cidade de Breslávia e corta todo o sudoeste polônes, chegando a fazer fronteira com a Alemanha. O transbordamento das águas arrastou pontes, rompeu diques e inundou cidades por completo.

Houve ajuda internacional imediata. Os números impressionam e parecem superlativos, mas são reais. Mais de 35 mil soldados de diversos países trabalharam na Polônia no que era preciso, de resgate de pessoas a contenção das águas; 76 helicópteros ajudaram na causa, além de 400 barcos. Infelizmente, 56 pessoas morreram, mas outras tantas foram salvas.

A estimativa é que 7 mil pessoas perderam tudo o que possuíam; 9 mil empresas foram afetadas; 680 mil casas foram danificadas ou destruídas; 45 pontes desapareceram… O prejuízo financeiro, na época, foi avaliado em US$ 3,5 bilhões.

A enchente virou notícia no mundo todo, sendo tema de reportagens de jornais, telejornais e revistas. Em 18 de julho de 1997, a Folha de S.Paulo publicou a nota: “Chuva não para na Polônia; enchente já matou 48”. Dez dias depois, a manchete foi: “Polônia retira 15 mil devido a chuvas”, falando sobre um rompimento de dique na Alemanha e subida do nível do rio Oder.

Visão do alto da cidade de Breslávia, atualmente
Visão do alto da cidade de Breslávia, atualmente

O país conseguiu se recuperar. Foram construídos inúmeros canais perto do rio Oder, e barragens foram reforçadas. Atualmente, a Polônia diz estar preparada caso um fenômeno da natureza parecido volte a atingir o país. Se existe estrutura, não pode faltar discernimento das autoridades caso um alerta de enchente descomunal seja dado.

Sobreviventes e testemunhas do desastre foram ouvidas pela produção de A Inundação do Milênio. Anna Kępińska, produtora e criadora da minissérie, falou sobre isso. “Apesar de ser impossível contar a história de todas as pessoas que vivenciaram a enchente, queríamos focar no clima e nas emoções dos eventos para criar uma história universal sobre decisões difíceis, conflito de gerações e as tensões entre o individual e o coletivo, a cidade e o campo”, disse.

“Nossa história é sobre pessoas que enfrentam coisas das quais não podem escapar”, continuou. “É sobre pessoas que se unem para agir. A inundação foi um catalisador para a sociedade. Da noite para o dia, a vida cotidiana comum foi substituída por grandes dificuldades, e líderes emergiram entre a população local”.

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