The Handmaid’s Tale: como Trump 2.0 planta amargura no final da série

Cartaz da série The Handmaid's Tale

Vencedora de Emmy na categoria melhor drama e uma das séries mais relevantes dos últimos tempos, The Handmaid’s Tale inicia sua temporada final nesta quarta-feira (9), no Paramount+, com os dois primeiros episódios. Há espaço para celebrar a produção grandiosa e refinada. Porém, o sentimento é de amargura entre aqueles que fazem o drama acontecer.

Quem explica esse contraste é Yahlin Chang, coshowrunner da atração. Em entrevista ao site The Wrap, ela foi franca ao refletir sobre a mensagem transmitida pela narrativa, comparando-a com a realidade atual, principalmente nos Estados Unidos governados por Donald Trump, em seu segundo mandato. Todo o time criativo da atração sentiu-se meio frustrado, como se não tivesse alertado as pessoas o suficiente para entender, de fato, os perigos do autoritarismo.

É chocante para mim pensar que eu tinha mais direitos como mulher [quando a série estreou, em 2017] do que tenho agora”, disse Yahlin. “Criamos um tipo de conto que serve como advertência, porém acho que falhamos ou não alertamos as pessoas o suficiente. Isso porque estamos em dias ainda mais sombrios agora, o que é inacreditável.”

A sexta e última temporada de The Handmaid’s Tale voltará a enfatizar a vestimenta vermelha usada pelas aias, roupa que carrega um forte simbolismo e dialoga com o mundo real. 

O manto vermelho se tornou um ícone de protesto, no mundo inteiro, na luta pelos direitos das mulheres. A primeira temporada, lançada em 2017, se deu bem no início do primeiro mandato de Trump. Rapidamente, The Handmaid’s Tale virou uma referência cultural, pois a sociedade distópica e misógina retratada ao longo dos episódios ganhou contornos assustadoramente proféticos.

Hoje, essencialmente, a mulher americana perdeu o direito constitucional de abortar. Em março deste ano, por exemplo, uma parteira foi presa acusada de realizar abortos ilegais no conservador Estado do Texas. Por essas e outras, muitos traçam similaridades entre o regime teocrático de Gilead, que ocupa o território dos EUA na narrativa ficcional, e os EUA da realidade.

A sala de roteiristas da sexta temporada foi fechada antes da eleição presidencial americana de 2024, que colocou Trump de volta à Casa Branca, sede do governo. Mas Yahlin Chan contou que a sombra de uma versão mais aterrorizante do ex-apresentador de reality show comandando, novamente, o país mais poderoso do planeta pairou sobre todos da série.

“À medida que nos aproximávamos cada vez mais da eleição, o risco e a ameaça de algo acontecer mudaram. Acho que isso afetou a todos, na maneira como estávamos fazendo a série”, compartilhou a showrunner. “Não tem como negar as comparações. Mas o que tentamos entregar é uma história sobre pessoas reais, e pessoas reais falham por agir por egoísmo, covardia, avareza…”

“Se você colocar as pessoas erradas no poder, verá isso acontecer em grande medida. Essa também é a história que temos contado. E é uma história muito sincera.”

Colega de Yahlin na função de showrunner, Eric Tuchman espera que os episódios finais inspirem os espectadores a continuarem em sua luta por libertação.

“Acho que a série já disse o que precisava dizer”, falou. “Mas acredito que, nesta temporada, o público vai realmente se inspirar na maneira como June e os outros personagens demonstram resiliência, coragem e comprometimento para lutar por sua liberdade para derrubar um sistema opressivo.”

“Se deixarmos as pessoas com esse sentimento de nunca desistir, continuar lutando, acho que esse é realmente um grande legado para o programa”.

A trama da sexta temporada de The Handmaid’s Tale

Na temporada final, June (Elisabeth Moss) enfrenta seu maior desafio até agora, pois sua batalha por liberdade e justiça a leva a tomar decisões que mudarão sua vida. 

Luke (O-T Fagbenle) e Moira (Samira Wiley) se juntam ativamente à resistência, Serena (Yvonne Strahovski) tenta redefinir o futuro de Gilead, e o Comandante Lawrence (Bradley Whitford), junto com a Tia Lydia (Ann Dowd), começam a vivenciar as consequências de seu legado. Enquanto isso, Nick (Max Minghella) se encontra em uma encruzilhada moral que testará sua verdadeira lealdade.

Logo Diário de Séries
Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível para o usuário. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar a nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Você pode ajustar todas as configurações de cookies navegando pelas guias no lado esquerdo.