O 11º episódio da primeira temporada da série The Pitt, que estreou na Max na quinta-feira (13), pegou os telespectadores de surpresa. Isso por mais que o drama médico, desenrolado em tempo real, já tenha aprontado das suas até então, com cirurgias insanas e lesões grotescas atendidas pela equipe do setor de emergência do Pittsburgh Trauma Medical Hospital.
Ambientado entre 17h e 18h, do plantão que começou às 7h, o episódio em questão mostrou a cena de parto mais realista e angustiante da TV, com close (sem cortes) na genitália de uma mulher grávida empurrando o bebê para fora, banho de sangue, mão de médico dentro do canal vaginal da paciente e muito mais do que se tem direito em uma operação delicada e com risco duplo.
Uma chave para entender a razão dessa abordagem nada convencional está em quem comandou o episódio atrás das câmeras. A diretora Quyen Tran (Ahsoka, Maid) queria um retrato de parto bastante realista, incluindo complicações graves. Em conversa com o site Vulture, Quyen revelou que o parto de seu segundo filho foi traumático. Por isso, ela não queria suavizar a cena, pegando atalhos. “Eu estava muito empenhada em fazer isso o mais autêntico possível, porque eu havia vivido uma situação similar”, contou.
Nunca foi feito para a TV um parto tão forte e intenso nesse nível; o telespectador viu absolutamente TUDO.
O primeiro grande truque foi a barriga e a vagina da personagem. Foi fabricado um modelo, chamado de equipamento de parto, que simula o nascimento de um bebê. A maca na qual estava a personagem grávida tinha embutida uma prótese de silicone de uma barriga, pernas e canal vaginal. A atriz ficou ajoelhada em uma cadeira colocada diretamente atrás desse equipamento, em uma posição perfeita para a barriga fake parecer ser sua de verdade.
Esse equipamento completo contou com tubos para adicionar sangue e outros fluidos em pontos apropriados durante o parto. Tinha também um tubo na barriga oca da grávida para espremer o bebê de silicone para fora do canal vaginal.
Depois do “nascimento” do bebê de silicone, ele foi trocado por um bebê robótico, mais realista ainda, para demonstrar sinais de vida (na narrativa do episódio, o bebê da paciente precisa passar por um tratamento urgente). Além disso, a personagem perdeu muito sangue pós-parto, uma hemorragia intensa, e correu riscos.
Para R. Scott Gemmill, criador de The Pitt, todo o esforço valeu a pena. “É sobre realmente estar ciente da realidade da medicina, tentar segui-la e tentar representá-la da forma mais autêntica possível”, contou ao Vulture. “É por isso que estamos fazendo tudo dessa forma [realista], sem trapaças.”
O plantão de 15 horas no Pittsburgh Trauma Medical Hospital está acabando. Faltam quatro horas (quatro episódios) para o fim da primeira temporada. A segunda leva está confirmada. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
