FORA DO RADAR

Crítica: Fight Night é um true crime arrebatador que merece visibilidade

Ambientada nos anos 70, minissérie baseada em fatos estreia no Disney+
DIVULGAÇÃO/PEACOCK
Kevin Hart em Fight Night: The Million Dollar Heist
Kevin Hart em Fight Night: The Million Dollar Heist

Esnobada no circuito de premiações hollywoodianas, a minissérie Fight Night: The Million Dollar Heist finalmente estreia no Brasil, nesta quarta-feira (22), no Disney+. Todos os oito episódios do drama criminal, baseado em história real, estão disponíveis. O lançamento por aqui ocorre com grande atraso, mais de quatro meses após a estreia nos Estados Unidos (atração do streaming Peacock, do grupo NBCUniversal).

Reunindo um elenco absolutamente estelar, de Kevin Hart a Samuel L. Jackson, e entregando uma produção de alto nível ambientada nos anos 1970, Fight Night merecia ser lembrada em cerimônias como Globo de Ouro, SAG Awards e Critics Choice. Tal esquecimento é de se lamentar, pois é uma produção bem avaliada, de forma justa, pela mídia especializada: nota 75 (de 100) no Metacritic, nota 96% no Rotten Tomatoes.

Misturando comédia com violência, sem esquecer dos refinados figurinos e de uma meticulosa direção de arte, Fight Night é a encenação de uma história real, do tipo que parece mentira. É o retrato de como um roubo à mão armada, no dia da histórica luta de retorno de Muhammad Ali, em 1970, mudou não só a vida de um homem, mas transformou a cidade de Atlanta (EUA) na Meca Negra. 

Kevin Hart, comediante que mostra mais uma vez sua veia dramática afiada, interpreta um vigarista chamado de Chicken Man. Querendo chamar a atenção do “Poderoso Chefão Preto”, o temido gângster Frank Moten (Jackson), ele não mede esforços para organizar uma festa, no dia da luta de Ali, na qual estariam juntos, debaixo do mesmo teto, os chefões mais proeminentes do submundo do crime.

Acontece que a festinha é alvo de um assalto, armado por pessoas cientes do calibre de pessoas presentes com muita grana (haveria jogos e cassinos). Moten acredita ser o próprio Chicken Man o mentor dessa cilada, para roubá-lo e causar humilhação. Ameaçado, cabe ao vigarista provar que nada teve a ver com o golpe ousado.

Nessa confusão toda, quem entra em cena é o detetive J.D. Hudson, interpretado pelo sempre classudo Don Cheadle. O policial, que já colocou Chicken Man atrás das grades em outra ocasião, também acredita que o malandro 171 planejou o ataque, que acabou resultando em mortes. Quase sem saída, o velhaco vê o detetive como a luz no fim do túnel, aquele com o poder de inocentá-lo.

Como elemento extra, Fight Night explora os bastidores da luta de ressurgimento de Muhammad Ali, em 1970, que havia três anos estava longe dos ringues; seu adversário foi Jerry Quarry. Existia uma tensão enorme, porque o duelo foi marcado para Atlanta, um lugar que na época exalava racismo explícito, e Ali não era bem-visto por ter recusado servir ao Exército dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã (1959-1975).

Então, o confronto Ali x Quarry ganhou proporções além do âmbito esportivo, expondo os tensos contornos raciais que ferviam em Atlanta. O detetive J.D. Hudson vivencia isso na pele. O personagem, inspirado em uma pessoa real, foi um dos primeiros policiais pretos da cidade a chegar ao posto de detetive, superando perseguições internas. Ele era idealista e acreditava ser possível abrandar fissuras raciais na sociedade agindo como um homem da lei.

Fight Night usou como base relatos ditos no podcast homônimo. O showrunner da atração foi Shaye Ogbonna, (The Chi), que também é creditado como criador.

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