A melhor comédia (e melhor série) da história do Prime Video é The Marvelous Mrs. Maisel. Agora, qual o melhor drama? Sem dúvida, O Homem do Castelo Alto, que completa dez anos nesta quarta-feira (15), está na briga por esse título, ao lado de pesos-pesados do nível de The Boys, Fallout e Jack Ryan, só para citar alguns concorrentes.
Com tranquilidade, O Homem do Castelo Alto tem todas as características de um drama belas-artes, de pura excelência. E isso numa época na qual o Prime Video estava longe de desfrutar o prestígio atual. Nos primórdios, o streaming da Amazon nem tinha identidade própria e firme, com confusão até sobre como deveria ser chamado (Amazon Prime, alguém lembra?). Além de ser mal falado por disponibilizar catálogo de fazer inveja a uma locadora empoeirada.
Nesse cenário, não foi difícil para O Homem do Castelo Alto se sobressair. Baseada no livro homônimo de Philip K. Dick, cuja primeira edição saiu em 1962, a atração tem uma premissa simples. Ambientada em uma realidade alternativa, a narrativa imagina os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) depois de serem derrotados pelo Japão imperial e Alemanha nazista.
O território americano foi ocupado. Os alemães ficaram com as terras ao leste, enquanto os japoneses tomaram o oeste, à beira do Oceano Pacífico. A trama navega nessa visão fantasiosa de como o planeta seria dentro desse retrato, incorporando nos episódios elementos fantásticos e surreais.
A produção meticulosamente bem apurada de O Homem do Castelo Alto rendeu prêmios, como a estatueta do Emmy de melhor fotografia, em 2016. Direção de arte e efeitos visuais também foram alvos de menções em premiações e elogios, seja por parte da crítica especializada ou do público.
O enredo de O Homem do Castelo Alto
A narrativa principal da série acompanha Juliana Crain (Alexa Davalos), jovem que vive em São Francisco, então sob o domínio japonês. Após receber um misterioso rolo de filme de sua meia-irmã, Juliana descobre imagens que parecem retratar uma realidade onde os Aliados, na verdade, venceram a guerra.
Os países que formaram o grupo Aliados eram liderados pelos EUA, tendo como apoiadores principais o Reino Unido, a França e a União Soviética (atual Rússia). Na vida real, foram os Aliados vencedores da guerra, derrotando os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão eram os integrantes de destaque).
Aquelas tais fitas, conhecidas como “os filmes do Homem do Castelo Alto”, são consideradas subversivas tanto pelos nazistas quanto pelos japoneses, pois contestam a legitimidade dos regimes atuantes no território americano.
À medida que Juliana busca respostas, ela cruza o caminho de Joe Blake (Luke Kleintank), homem que trabalha como agente disfarçado do Reich, e Frank Frink (Rupert Evans), companheiro que enfrenta dilemas morais ao tentar proteger sua família e resistir ao regime autoritário.
Ao mesmo tempo, personagens como o Obergruppenführer John Smith (Rufus Sewell), do lado alemão, e o Ministro do Comércio Nobusuke Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa), do lado japonês, fornecem perspectivas sobre a complexa dinâmica política e ideológica entre os dois grandes impérios.
O enredo se desenrola com tensões crescentes entre a Alemanha e o Japão, cada um desconfiando das intenções do outro. Enquanto isso, os filmes do Homem do Castelo Alto alimentam a chama da resistência, unindo grupos de dissidentes que sonham com um mundo diferente.
O Homem do Castelo Alto explora temas como autoritarismo, liberdade, sacrifício e as consequências das escolhas individuais em um cenário onde a opressão é a norma. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br