No domingo (17), o Paramount+ lança Landman, a mais nova série de Taylor Sheridan, criador da franquia Yellowstone e homem por trás de outras séries de grande sucesso do streaming da montanha, como Mayor of Kingstown, Tulsa King e Lioness. De início, porém, Landman não recebeu uma boa avaliação da crítica especializada, que rotulou o drama de misógino e retrógrado.
No site Metacritic, que compila reviews de veículos de imprensa de língua inglesa, Landman recebeu a nota 58 (de 100), uma classificação ruim.
Kristen Baldwin, do site Entertainment Weekly, foi quem mais detonou a série, cuja narrativa é sobre como encontrar a fortuna no mundo das plataformas de petróleo. Ela pontuou que as personagens femininas de Landman não deram a mesma sorte que outras do universo de Sheridan, por serem estereotipadas e jogadas à margem. “Cara, essa nova série de Taylor Sheridan odeia mulheres”, disparou.
“É angustiante ver que as mulheres de Landman existem apenas no contexto de como são percebidas por Tommy [protagonista vivido por Billy Bob Thornton] e seus companheiros vaqueiros. Em termos simples, elas estão por perto para distrair, irritar, excitar, suplicar ou gritar com os homens”, escreveu.
Para ilustrar isso, Kristen menciona uma cena na qual a advogada Rebecca (Kayla Wallace), conversando com Tommy, sugere que uma prostituta está nessa vida por não ter tido outra escolha de emprego. “Ela teve uma escolha sim”, devolveu Tommy. “Ela escolheu um atalho, que sempre é o caminho mais longo”. Na visão da jornalista, foi um comentário moralista e sem empatia por parte do personagem de Thornton.
Já Daniel Fienberg, do site The Hollywood Reporter, carimbou Landman como “medíocre”. Ele também ressaltou como as séries de Taylor Sheridan “sempre caminham numa linha delicadamente desconfortável com suas personagens femininas”. No caso, o crítico cita o papel de Demi Moore, “porque a atração não tem nenhum interesse na presença dela.”
Falando sobre Sheridan: “Ele faz novelas movidas a testosterona para homens que gostam de fingir que são muito machos para assistir novelas [convencionais].”
Enquanto isso, Alan Sepinwall, da Rolling Stone, apontou que a nova produção do Paramount+ “é uma Yellowstone, mas com petróleo”, reforçando ser uma típica série de Sheridan liderada por um anti-herói, “só que de pior qualidade em comparação com as outras.”
Ele observou que a inconsistência do roteiro dá a impressão de ter sido feito pelo ChatGPT (inteligência artificial). “Várias tramas e personagens parecem terrivelmente superficiais. Outros são tão retrógrados que chegam a ser uma autoparódia.”
O exemplo pinçado por Sepinwall sobre as caracterizações de personagens femininas em Landman foi o de Ainsley, filha de Tommy. Ela tem 17 anos, mas é interpretada por uma atriz de 27 (Michelle Randolph). A todo instante, Ainsley diz que só tem 17 anos, porque “sua função principal é andar de calcinha, biquíni ou outras roupas curtíssimas para deixar todos os amigos de meia-idade do pai desconfortáveis com o quão atraente eles acham essa adolescente”. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br