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5 anos de Me Too: cultura do assédio permanece (disfarçada) em Hollywood

Houve melhoras, mas importunação continua, aponta levantamento da Women in Film
REPRODUÇÃO
Mulher olha para letreiro de Hollywood, em Los Angeles
Mulher olha para letreiro de Hollywood, em Los Angeles

Cinco anos após a explosão do movimento Me Too em Hollywood, a cultura do assédio sexual na indústria do entretenimento americano permanece ativa, mas disfarçada. Essa é uma das conclusões retiradas de pesquisa realizada pela organização Women in Film, divulgada nesta quarta-feira (5). Embora tenha ocorrido uma melhora significativa nas condições de trabalho para mulheres, à frente das câmeras ou nos bastidores, o “fiu-fiu” inconveniente de homens continua presente.

Realizada entre setembro e outubro deste ano, o levantamento da Women in Film ouviu 174 pessoas das mais diversas categorias profissionais de Hollywood (93.6% mulheres, 3.5% homens, 2.8% não binários e 1.2% trans).

O movimento Me Too, que desencadeou uma onda de denúncias de assédio/abuso sexual e estupro cometidos por homens poderosos em Hollywood, levando-os a serem demitidos ou “cancelados”, contribuiu decisivamente na melhora do ambiente de trabalho para 83,3% das pessoas entrevistadas, trazendo conhecimento sobre a cultura do assédio.

Ao mesmo tempo, 79,9% dos entrevistados disseram que foram vítimas de assédio, ou conheceram alguém que sofreu abuso, nos últimos cinco anos. Isso, contudo, tem sido feito de maneira menos descarada.

A Women in Film coletou alguns depoimentos anônimos para ajudar a contextualizar a pesquisa. Uma pessoa disse: “As microagressões acontecem aqui e ail. Homens dizem: ‘não me denuncie, mas…’; e logo após fazem ou dizem algo inapropriado. Tipo, eles sabem [que é errado], mas escolhem testar o limite.”

Outra alertou: “Os sindicatos nos informam que, se nós decidirmos denunciar alguém, corremos o risco de ter a carreira prejudicada.”

“O problema [da cultura do assédio] não desapareceu”, falou uma entrevistada. “É só você entrar em uma sala de roteiro composta apenas por homens que você verá que NADA mudou.”

Uma profissional concluiu: “É importante ressaltar que as coisas não mudaram muito, por mais que as pessoas gostem de pensar que sim. Minha experiência tem mostrado que as coisas estão exatamente do mesmo jeito. Homens e mulheres vão falar que o Me Too faz a diferença e tudo mais. Mas isso só passa de conversa da boca para fora.”

Fundada em 1973, a Women in Film é uma organização sediada em Los Angeles que defende a representação feminina em Hollywood, buscando inclusão em todas as áreas. Clique aqui e veja a pesquisa, em inglês.

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