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Ritmo lento de Ripley é arte ou pura chatice? Andrew Scott opina

Adaptação televisiva optou pela abordagem contemplativa
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Andrew Scott em cena de Ripley
Andrew Scott em cena de Ripley

A minissérie Ripley, lançamento recente da Netflix, assumiu o bem-vindo risco da ousadia e fugiu de padrões. Além de ser toda em preto e branco, o drama é deliberadamente lento, ritmo que exige total atenção do espectador. Tem quem ache isso belíssimo, exemplo de arte no audiovisual, valorizando a experiência do público. Outros podem ver tudo como pura chatice, enrolação e marasmo. Fato: Ripley, no primeiro dia após a estreia, ficou fora do ranking top 10 diário, no Brasil, performance incomum para um lançamento de grande porte.

Na Netflix existe uma abundância de séries que seguem uma fórmula que o streaming consagrou; estratégia vitoriosa, diga-se de passagem. O drama O Agente Noturno é a melhor prova disso. Tem-se ali uma história movimentando-se rapidamente, com bastante ação. As revelações são inseridas de forma cirúrgica ao longo dos episódios. Produções desse naipe, estilo linguagem de videocliple, funcionam na plataforma do tudum.

Lá, o espectador pode acelerar os episódios, colocando em uma rotação até 1,5 vezes mais rápida do que a normal, verdadeiro terror dos cineastas e criadores de conteúdo. Definitivamente, Ripley não deve ser vista assim. A minissérie é para ser aproveitada com total atenção, sem distrações. Como se fosse a leitura de um livro, pois a minissérie é baseada em um.

Em entrevista ao site IndieWire, Andrew Scott, protagonista do drama na pele do malandro Tom Ripley, falou sobre o andamento da atração. Para ele, a maior conquista da versão televisiva da obra de Patricia Highsmith é “ensinar ao público a como assistir a um espetáculo.”

“Vivemos em uma era da televisão -não apenas na televisão, mas nas redes sociais- onde você tem que dizer tudo muito rapidamente, e tem que dizer tudo em 15 caracteres ou menos, e tem que seguir em frente… as pessoas têm muita obsessão por isso”, completou.

 

“Mas quando você está lendo um romance, você pode sentir um prazer verdadeiro na descrição de algo que toma conta de cinco ou seis páginas. O que adoro é que às vezes o ritmo pode ser muito rápido, mas às vezes podemos ficar realmente imersos em alguma coisa. Acho que isso oferece um verdadeiro prazer para o público. A natureza preto e branco da fotografia combina, de alguma forma, com o ritmo e tom do espetáculo.”

E Ripley é exatamente assim. Cenas retratam o protagonista não apenas pegando o metrô na Nova York dos anos 1960, mas dedica instantes para mostrar o ventilador no teto dos vagões, as outras pessoas ao redor, a composição que passa no trilho ao lado, a plataforma cheia de gente… e por aí vai.

Trata-se de uma minissérie diferente das demais por realmente se concentrar em ações corriqueiras do personagem principal como mostrá-lo no banho para ressaltar que seu chuveiro está na pior das condições possíveis ou acompanhá-lo subindo e descendo escadas.

Leia no Diário de Séries: Por que Ripley, nova minissérie da Netflix, é toda em preto e branco?

Confira a sinopse de Ripley: Tom Ripley (Scott) é um trambiqueiro de Nova York nos anos 1960 contratado por um homem muito rico para ir até a Itália e convencer seu filho a voltar para casa. Mas aceitar o trabalho foi só o começo de uma teia de trapaças, fraudes e assassinatos.

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