OUTRO LADO

Bastidores: problema de roteirista branco ‘discriminado’ é falta de talento

Profissionais que trabalharam com Brian Beneker abriram o jogo sobre o caso judicial
DIVULGAÇÃO/CBS
David Boreanaz em cena do drama militar Seal Team
David Boreanaz em cena do drama militar Seal Team

O roteirista Brian Beneker não sofreu discriminação no trabalho por ser branco e hétero, como alega em processo contra a rede americana CBS e o conglomerado Paramount Global: o problema dele é a falta de talento. É isso o que testemunharam pessoas que trabalharam com ele, de acordo com depoimentos coletados pelo site The Hollywood Reporter.

Desde o começo deste mês, corre na justiça californiana (EUA) uma ação de Brian Beneker contra a CBS e Paramount. Ele argumenta que lhe foi negado uma vaga na equipe de roteiristas da série Seal Team, na qual trabalhava como coordenador de roteiro, por ser branco e hétero, apontando discriminação de raça e gênero por parte dos contratantes. Mas quem trabalhou com ele diz que tal vínculo não rolou porque Beneker simplesmente não é bom no que faz.

A reportagem da The Hollywood Reporter (THR) ouviu vários roteiristas que dividiram funções com Beneker. Todos apontaram a falta de talento como sendo o X da questão. Ele até chegou a assinar três episódios de Seal Team, como freelancer. Um roteirista que o auxiliou em um desses episódios decretou: “Julgando pelo rascunho que recebi em mãos, acho que a escrita de Beneker não é forte o bastante para colocá-lo em uma equipe de roteiristas.”

Outras pessoas compartilharam a mesma opinião. A THR ressaltou que muitos entrevistados mencionaram o tempo em que Beneker trabalha como coordenador de roteiro, dando os primeiros passos nessa carreira em 2008, na série Sons of Anarchy. Disse um showrunner: “Se você faz esse trabalho durante dez anos e realmente você quer ser um roteirista [titular], você precisa largar esse cargo e, realmente, tentar conseguir um emprego de roteirista. É assim ou abandone esse negócio. Isso [coodenador de roteiro] não é algo que você faz para sempre.”

Esses depoimentos ecoam o que muitos roteiristas palpitaram sobre o caso nas redes sociais. Jorge A. Reyes (A Rainha do Sul) ofereceu uma perspectiva bem particular: “Eu trabalhei com esse cara: eu roteirista, ele coordenador de roteiro. Ele acha que nunca conseguiu um emprego em uma equipe de roteiristas por ser branco? É porque ele é esquisito e seu trabalho não é bom.”

Apoiada por militantes de Donald Trump, a turma de advogados por trás do processo de Brian Beneker faz parte de um movimento contra cotas que inflama o debate social nos Estados Unidos, em pleno ano de eleição presidencial. A acusação de Beneker argumenta que ele foi preterido para que a CBS/Paramount cumprisse metas de cotas, colocando em seu lugar pessoas “pretas e lésbicas sem experiência de peso como roteiristas.”

Os advogados dele são categóricos: “os réus [CBS e Paramount] deliberadamente discriminaram Beneker com base em sua raça, sexo, gênero e orientação sexual.”

Tanto a rede americana CBS (produtora de Seal Team) quanto o conglomerado Paramount Global (dono da emissora) não se pronunciaram sobre o caso, se vão propor um acordo ou vão resolver a celeuma no tribunal mesmo. Um acordo resolveria a bronca, sem mídia e sem alarde. Uma batalha jurídica pode ser prejudicial e gerar jurisprudências, boas ou ruins.


Siga o Diário de Séries no WhatsApp

Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias

Siga nas redes

Fale conosco

Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
contato@diariodeseries.com.br
magnifiercross