TRIBUNAL

Roteirista processa emissora alegando discriminação por ser branco e hétero

Caso envolve a série Seal Team e cotas que abrem espaço para contratação de minorias
DIVULGAÇÃO/CBS
David Boreanaz na série Seal Team
David Boreanaz na série Seal Team

O roteirista Brian Beneker, que trabalhou em Seal Team e assinou três episódios da série militar, entrou com um processo contra a rede americana CBS (produtora do drama) e o conglomerado Paramount Global (dono da emissora). Ele alega que sofreu discriminação por ser branco e hétero, sendo por isso preterido na ocupação de vagas abertas na equipe de roteiristas. Beneker pede indenização de meio milhão de dólares. Essa ação é muito mais do que uma simples batalha jurídica trabalhista.

No processo, os advogados de Beneker apontam que a política de inclusão, equidade e diversidade da CBS “criou uma situação em que homens brancos heterossexuais precisam de qualificações ‘extras’ (incluindo experiência militar ou créditos anteriores em sala de roteiristas) para serem contratados [pela série Seal Team] em comparação com seus pares não brancos, LGBTQ ou mulheres; destes não são exigidas tais qualificações extras”, diz trecho do processo.

CBS e Paramount são as primeiras empresas de Hollywood na mira de uma onda de processos que tomam conta dos tribunais americanos sobre o tema da inclusão e diversidade no trabalho.

Companhias diversas, da financeira Morgan Stanley ao restaurante McDonald’s, estão sendo processadas por grupos de advogados como parte de um movimento para acabar com todo tipo de política de cotas, de racial a de gênero, na hora da contratação de funcionários. Essas cartadas ganharam força desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos anulou matrículas em universidades baseadas em cotas (ações afirmativas, como chamam por lá).

Trabalhando em Seal Team desde 2017 como coordenador de roteiro, Beneker alega que foi negado posições de mais destaque ao longo dos anos, sendo rejeitado para dar espaço para pessoas pretas ou mulheres, candidatas que ele diz que não tinham experiências suficientes ou qualquer trabalho como roteirista no currículo.

No processo, a acusação aponta que Beneker chegou a conversar sobre essa situação, em 2019, com seus superiores. Segundo o documento, disseram a ele que a CBS tinha a meta de atingir uma cota racial e minoritária satisfatória nas salas de roteiristas de suas atrações. Beneker, branco e hétero, não se encaixava no perfil procurado.

A acusação descreve que, entre 2019 e 2024, “um homem preto que não tinha créditos anteriores de roteirista e pouca experiência, uma mulher preta sem experiência de peso como roteirista, uma assistente de roteiros sem créditos anteriores e duas assistentes de roteiro sem quaisquer créditos como roteiristas (uma preta, a outra lésbica)” foram contratadas para cargos de roteiristas ao invés de Beneker.

Os advogados do roteirista são categóricos: “os réus [CBS e Paramount] deliberadamente discriminaram Beneker com base em sua raça, sexo, gênero e orientação sexual”. Nem CBS nem Paramount se posicionaram sobre o caso, protocolado em tribunal californiano na semana passada.

Apoiada por militantes de Donald Trump, a turma de advogados por trás do processo de Brian Beneker faz parte desse movimento contra cotas que inflama o debate social nos EUA em pleno ano de eleição presidencial. Atacar Hollywood, berço da esquerda e do progresso, faz parte da tática para turbinar os simpatizantes trumpistas na campanha do empresário rumo a um novo mandato na Casa Branca.

Disponível no streaming Paramount+, Seal Team caminha para a sétima e última temporada, programada para ser lançada no ano que vem.


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