A TV no Auge está em queda e se aproxima do fim. O volume de séries no ano passado diminuiu em 14% na comparação com 2022, a maior queda em onze anos. Os números são do FX, parte do levantamento anual que o presidente do canal do grupo Disney, John Landgraf, sempre revela no seu encontro com a imprensa e mercado publicitário durante painel no seminário da TCA (Associação dos Críticos de Televisão dos Estados Unidos).
Em 2022, foram lançadas 599 séries, de língua inglesa, em streamings, TVs abertas ou canais pagos americanos, grandeza que, consequentemente, chega em todo o mundo. Profissionais do mercado argumentam que ninguém, de público a produtoras de conteúdo, aguenta um montante tão grande de atrações, sendo desperdício de dinheiro por causa simplesmente da falta de tempo e desatenção do público, que não dá conta de consumir tantas séries.
Não é à toa que praticamente todo mundo em Hollywood perde dinheiro na guerra dos streamings (menos a Netflix). Em 2023, por causa desse contexto e também da dupla greve, foram lançadas 516 séries, menor volume desde 2019 (com exceção de 2020, o ano do auge da Covid-19 que não entra nessa análise pelo fator da excepcionalidade).
Muito respeitado no meio, John Landgraf é chamado de “prefeito” da TV americana. Em 2015, ele ganhou fama por afirmar que o mercado de séries estava perto de saturar, pois tinha-se chegado na Peak TV (TV no Auge, em tradução livre). Naquele ano, foram lançadas 422 séries…
Sob anonimato, um executivo top da TV americana disse, ao site Deadline, que “nunca mais vamos voltar a ter 599 séries, nunca”. Outro engravatado endossou a fala do colega e projetou, atemorizado: “a bolha parece que vai estourar.”
O que se espera, nos próximos anos, é que o número de séries americanas fique por volta de 500 por ano ou girando em torno de 400 alto (480+). Isso não quer dizer, necessariamente, que o catálogo de streamings vá minguar drasticamente, pois não apenas a Netflix, mas outras plataformas estão investindo bastante em conteúdo de língua não inglesa.
Essencialmente, a queda na oferta de séries tem raiz na mudança de visão da maioria dos estúdios hollywoodianos. A prioridade é cortar gastos e não soltar um caminhão de atrações a esmo. Por isso, vários dramas e comédias foram cancelados no ano passado, muitos após terem a renovação anunciada previamente (caso de Periféricos, do Prime Video) e alguns que até tinham levas de episódios inéditas prontas para serem lançadas.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br