Objeto de desejo de jovens da década de 1980, o Pontiac Firebird Trans Am da série A Super Máquina (Knight Rider) roubou a cena no drama policial, que completa 40 anos nesta segunda-feira (26). O veículo turbinado e customizado encantou o público por ter inteligência artificial e ser indestrutível, perfeito para as missões do agente Michael Knight, interpretado por David Hasselhoff. E pensar que a Pontiac não queria nada com essa série…
Presidente da NBC na época, Brandon Tartikoff precisava salvar a rede, a terceira colocada na briga com as rivais ABC e CBS. Ele, naquele tom de brincadeira com um fundo de verdade, dizia que não dava mais para investir em séries com homens jovens bonitões de 20 e poucos anos falando bobagens na frente das câmeras.
Hasselhoff ao menos tinha maturidade, na casa dos 30 e vindo de uma longa experiência na novela The Young and The Restless, na qual viveu um médico durante sete temporadas.
No livro autobiográfico de 2007, David Hasselhoff recordou a interação/desabafo do executivo. “Ele queria uma série na qual o ator protagonista falaria apenas seis palavras, com o carro do personagem entregando o resto do diálogo.”
Anos antes, a TV americana já tinha arriscado outras atrações com essa ideia de carro falante. Além de encarar o fracasso, todas foram ridicularizadas. Logo, os envolvidos com A Super Máquina precisavam convencer a todos que desta vez seria diferente.
Se o carro tinha tamanha importância, era preciso assegurar um veículo bem estiloso. A Pontiac foi procurada, pois a ideia era usar o modelo da terceira geração do Firebird, lançado em 1981. Naturalmente, os diretores da fabricante ficaram receosos, com medo de a série flopar e ser alvo de piadas. A cúpula da empresa topou o projeto após insistências e não se arrependeu, pois viu como o carro virou um fenômeno, principalmente entre os jovens.
Premissa mirabolante
Muitas séries dos anos 1980 têm um ponto de partida mirabolante, em parte para chamar a atenção do telespectador. Com A Super Máquina não foi diferente. David Hasselhoff deu vida a Michael Long, policial que teve o rosto desfigurado e foi declarado morto. Um bilionário chamado Wilton Knight (Richard Basehart) o resgatou e bolou um plano.
O ricaço estava montando uma equipe para fazer justiça e salvar inocentes. Ele escolheu Michael para ser o agente líder da organização. Antes disso, Knight deu ao detetive ferido uma nova identidade, após passar por cirurgia plástica no rosto. Detalhe: Knight deu para Michael a face do próprio filho.
Batizado de Michael Knight, o agente ganhou a companhia do Pontiac preto batizado de Knight Industries Two Thousand, ou Kitt. O carro era simplesmente de outro mundo, totalmente futurista: era durável, controlado por computador, tinha inteligência artificial, falava com os passageiros, tinha monitor colorido em alta definição, os vidros escureciam quando alguém se aproximava… só não cozinhava, como alertava Michael.
E assim partiam Michael e Kitt em várias missões. A Super Máquina durou quatro temporadas, somando 90 episódios no total. Não foi um sucesso absoluto de audiência que a NBC desejava, mas se tornou muito popular mesmo assim, imediatamente entrando no rol da cultura pop (e simbolicamente viva até hoje, justamente por conta do carro).
Durante a passagem de A Super Máquina na TV americana, a concorrência era pesadíssima, contra séries clássicas no mais puro sentido da palavra (a NBC tinha apenas Esquadrão Classe A entre as grandes). A CBS dominava o topo com dramas do nível de Dallas, Mash, Magnum (original). E a ABC vinha com a Dinastia (original), sempre brigando pelo posto de série mais vista da época.
No Brasil, A Super Máquina foi exibida em primeira mão pela Record, aos domingos, às 21h. Depois, o drama policial parou no SBT. Veja abaixo uma chamada da série durante a programação da Record.
E confira a abertura, dublada, de A Super Máquina (com trilha sonora inesquecível, pura síntese dos anos 1980):
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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