A ótima Companheiros de Viagem termina no sábado (16), no Paramount+, como uma das melhores minisséries do ano. Ela atingiu esse status mesclando cenas quentíssimas de sexo gay com aulas de história, mostrando como a sociedade tratou homossexuais durante quatro décadas, entre os anos de 1950 e 1980. Contudo, essa mistura não convencional causou certo desconforto.
Quem passou a acompanhar a minissérie só por causa da lascívia tipo XVideos ficou entediado com a politicagem e clima de Telecurso 2000. Por outro lado, o telespectador interessado em conhecer mais sobre os aspectos históricos e relevantes tratados pela narrativa facilmente se espantou com o erotismo pornográfico de todo episódio.
Por uma perspectiva mais neutra em relação a esses dois extremos, Companheiros de Viagem é muito bem equilibrada e tem um conjunto da obra de primeira linha, com protagonistas que merecem reconhecimento. Até por isso, a atração do canal americano Showtime é destaque nas listas de indicados das premiações Critics Choice e Globo de Ouro:
– Critics Choice: melhor minissérie, ator (Matt Bomer) e ator coadjuvante (Jonathan Bailey). – Globo de Ouro: melhor minissérie e ator (Matt Bomer)
Sexo e história em Companheiros de Viagem
Baseada no livro Fellow Travelers, inédito em território tupiniquim, Companheiros de Viagem narra um romance entre dois homens que escondem a própria homossexualidade por diversos fatores. A começar por causa do ambiente no qual circulam, o da política americana durante períodos de repressão e ataques homofóbicos explícitos.
Matt Bomer interpreta o carismático Hawkins Fuller, que mantém uma carreira financeiramente estável e gratificante trabalhando nos bastidores da política dos Estados Unidos. Ele evita se envolver emocionalmente até conhecer Tim Laughlin (Jonathan Bailey), jovem repleto de idealismo e fé religiosa.
Companheiros de Viagem entregou o prometido: mostrou as cenas mais eróticas de sexo gay já exibidas na TV. E não tem um momento parecido com o outro. São situações variadas que vão de pegação às escondidas até transa pesada no quarto. Tem fetiches, suruba, nudez frontal… e até amorzinho light entre dois apaixonados.
Na parte histórica, a minissérie jogou luz sobre um capítulo sombrio do governo americano e do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. Com muitos detalhes, a trama explora a perseguição contra gays e lésbicas, principalmente dentro do governo.
Homossexuais eram tratados como ameaças à segurança nacional por, supostamente, serem simpatizantes comunistas. Por isso a caçada para retirá-los de cargos em qualquer esfera governamental.
A retórica política linkava “vermelhos” e homossexuais como tendo crenças comuns, de rejeitar o cristianismo a se opor aos valores da “família tradicional”. Eram vistos como perturbados psicologicamente e fracos moralmente. Lembrando que essa “caça às bruxas” não era feita às escondidas: tudo era bastante público.
Companheiros de Viagem também insere no enredo a tensão na cidade de São Francisco após o assassinato de Harvey Milk, primeiro homem abertamente gay a ser eleito a um cargo público na Califórnia (anos 1970). A história desse político e ativista ganhou palco no filme Milk: A Voz da Igualdade (2008), com Sean Penn na pele de Milk.
Quando chega nos anos 1980, a minissérie expõe a crise da Aids, que afetou toda a comunidade LGBTQIA+, direta ou indiretamente. Próximo ao ponto-final, a trama aposta na sensibilidade ao retratar um momento tão delicado para homens gays.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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