ALTO NÍVEL

Crítica: The Morning Show continua sendo um dos melhores dramas da TV

Série do Apple TV+ encerra a terceira temporada nesta quarta (8)
DIVULGAÇÃO/APPLE TV+
Jennifer Aniston na 3ª temporada de The Morning Show
Jennifer Aniston na 3ª temporada de The Morning Show

A terceira temporada de The Morning Show chega ao fim nesta quarta-feira (8). Apostando ainda mais em soluções absurdas e bem novelescas, a série continua sendo um dos melhores dramas da TV na atualidade. Com uma concorrência bem pequena por conta da greve dupla em Hollywood, a atração do Apple TV+ finalmente pode ganhar a tão esperada indicação ao Emmy de melhor drama na edição de 2024 do Oscar da TV.

Mais uma vez, Jennifer Aniston deu show na pele da apresentadora e jornalista Alex Levy, seu trabalho mais apurado de toda a carreira. Sua personagem foi o ponto central das principais movimentações da trama, dividindo os holofotes com Bradley Jackson, vivida por Reese Witherspoon; ambas são os atores mais bem pagos da TV americana.

A principal história da terceira temporada de The Morning Show é a venda da UBA, conglomerado de mídia que tem como carro-chefe o badalado programa matinal que dá nome à série do streaming da maçã. É uma adaptação do que se vê no mundo real: grandes empresas de mídia procurando compradores.

A dinâmica da leva colocou a UBA, tratada como uma legacy media (empresa veterana no mercado), na mira de um bilionário da tecnologia à la Elon Musk. Quem está interessado no grupo é Paul Marks, interpretado pelo ótimo Jon Hamm, que entre uma viagem e outra de foguete dedica seu tempo para comprar a UBA e entrar no mundo da informação de massa, tendo voz e presença na produção de notícias e entretenimento.

Acontece que Alex se envolveu pessoalmente com Marks, tendo um caso e tudo mais, vazado até na imprensa sensacionalista. A relação pode prejudicar o negócio, por causa do claro conflito de interesse. Mas o bilionário tem um plano: adquirir a UBA para vendê-la logo em seguida. Com o fruto dessa transação, ele daria a Alex a oportunidade de criar e comandar uma nova emissora ou canal de TV.

The Morning Show fez esse desenvolvimento com bastante primor, soltando aqui e ali bombas no meio do caminho, como a suspeita de Marks não ser quem parece, um ricaço apenas buscando investir em novos ramos. Por trás da fachada pode estar escondido um líder tosco e inescrupuloso. 

A série acertou ao colocar uma personagem forte como Alex, uma mulher que passou poucas e boas nas mãos de muitos homens, aos pés de Marks, fazendo com que ela não enxergue a perspectiva mais ampla do que está acontecendo. A temporada criou suspense sobre qual decisão ela vai tomar, de salvar a UBA ou detoná-la em benefício próprio. Fora a questão de abraçar de vez Marks ou decidir acreditar nos rumores e checar se são reais.

Reese Witherspoon em The Morning Show
Reese Witherspoon em The Morning Show

The Morning Show e o protagonismo dividido

Invariavelmente, é Alex quem lidera a narrativa, defendida por uma poderosa e segura Jennifer Aniston. Mas na escalação oficial, Reese Witherspoon também é protagonista, com sua destemida Bradley Jackson. The Morning Show, mais uma vez, conseguiu dividir bem o protagonismo entre as duas, dando uma boa história para Bradley.

A repórter raiz que virou apresentadora de um telejornal próprio se viu em uma tremenda enrascada. The Morning Show inseriu os acontecimentos reais da chamada Invasão do Capitólio, quando uma multidão invadiu o congresso americano, maior símbolo político do país, em 6 de janeiro de 2021. Na ficção, Bradley estava lá dentro fazendo uma reportagem.

Nas gravações que fazia usando um celular, ela registrou seu irmão agredindo um policial. Tomando uma atitude fora da lei, visando protegê-lo, ela editou o vídeo e deletou a cena da agressão. A consequência disso foi enorme, envolvendo a alta cúpula da UBA, o FBI e minando a relação dela com seu grande amor, a também jornalista Laura Peterson (Julianna Margulies).

Com dez episódios eletrizantes, The Morning Show entregou uma terceira temporada bem recheada, sem enrolação. É daquelas levas de episódios que pouco se percebe a extensão, dando a impressão de que poderia ter mais capítulos. Mas a conta final é a ideal, amarrando uma narrativa bem coesa e de alto nível.


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