A Netflix tem a (má) fama de ser uma máquina de triturar séries, com um cancelamento atrás do outro, principalmente de atrações que nem passaram da primeira temporada. Porém, a plataforma do tudum está longe de ser a que mais cancela no mercado americano. Estudo da Variety, em parceria com a Luminate, apontou qual serviço é o líder em cancelamentos.
Em um período de 44 meses, de janeiro de 2020 a 8 de agosto de 2023, a HBO Max, streaming da Warner Bros. Discovery, liderou o ranking de cancelamento de todo tipo de atração (série, animação, reality show…): índice de 26,9%, bem acima da média dos streamings (12,2%).
A Netflix, inclusive, teve uma taxa de cancelamento menor do que a média (10,2%), ocupando apenas a quinta colocação nesse ranking.
Em segundo lugar apareceu o Disney+ (21,1%), seguido por Paramount+ (16,9%) e Hulu, do grupo Disney (15,2%).
A HBO Max encabeça a lista devido à política implementada pelo CEO (diretor-executivo) David Zaslav, que ao assumir o reformulado grupo Warner passou o facão para cortar despesas, acabando com projetos em todos os departamentos possíveis. Assim que sentou na cadeira de chefe, Zaslav estabeleceu plano para economizar US$ 3,5 bilhões nos próximos três anos; herdou uma empresa no vermelho, com dívida beirando os US$ 50 bilhões.
No caso da Netflix, a percepção de que ela é uma máquina de moer séries se dá pelo volume. Como lança muito conteúdo a cada semana, automaticamente muitos programas são cancelados, isso em números absolutos. Mas na proporção, percebe-se que não é tão trágico assim.
Esse estudo vinga a gigante do streaming e um dos principais executivos da empresa, Ted Sarandos, que sempre bateu na tecla de que a taxa de cancelamento de programas na Netflix não foge do padrão do mercado. A fórmula adotada é a mesma de quando a TV era em preto e branco: audiência versus custo de produção.
“Nunca cancelamos uma série bem-sucedida”, afirmou Sarandos sem fazer média, em entrevista ao site Bloomberg no começo deste ano.
“Muitas dessas séries [canceladas] foram realizadas com boas intenções, mas atingiram um público muito pequeno”, continuou o CEO. “A chave do negócio é: ser capaz de falar com um público pequeno usando um orçamento pequeno, atingir um público grande aplicando um orçamento grande. Quem fizer isso pode [permanecer no ar] para sempre”.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br