O ano de 2023 chega na metade e já conta com atuações memoráveis no mundo das séries. São trabalhos que vão do mafioso sensível e bem-humorado até mãe “helicóptero” que mais atrapalha do que ajuda ao tentar proteger o filho único. E tem de tudo um pouco, como jornalista amiga dos mortos e serial killer fã de pop star.
Do Brasil aos Estados Unidos, passando pela Itália, o Diário de Séries selecionou as dez melhores atuações nas séries de 2023 (até agora). Foram consideradas apenas atrações exibidas em território brasileiro de 1º de janeiro até 21 de junho. Confira:
Adriana Esteves, em Os Outros
Novo hit nacional do Globoplay, Os Outros tem alicerce firme no elenco. Muitos se destacam, mas a camisa 10 do time se sobressai. Adriana Esteves entra em campo e faz jus à fama de lenda da atuação brasileira.
Ela está perfeita na pele de Cibele, que largou seus sonhos pelo caminho para ser dona de casa e cuidar do filho único. Acontece que ela é uma mãe superprotetora, não deixa a cria ter personalidade nem vida própria, controlando cada movimento do garoto. Nessa missão, ela acaba trocando os pés pelas mãos e coloca a família em uma enrascada.
Adriana traz na pele todas as angústias de Cibele. Ela deseja o melhor para a família, ao menos essa é a intenção. Contudo, cria atrito com o marido bunda-mole e mina a relação com o filho. O culpado disso são os outros ou ela mesma?
Anthony Carrigan, em Barry
Duas vezes indicado ao Emmy de melhor ator coadjuvante de comédia, Anthony Carrigan tem a terceira indicação engatilhada pela soberba quarta e última temporada de Barry (HBO). Ele chegou ao auge com seu personagem NoHo Hank, gângster que fisga o público pela sua delicadeza e bom-humor, o que não o impede de ser frio e calculista quando o dever do crime lhe chama.
Desta vez, o querido Hank lidou com a dor da perda de seu grande amor, enquanto agia para criar um império do crime e legalizar negócios, formando alianças arriscadas e nada amigáveis. Marcado por só receber papéis estereotipados, sempre do lado vilanesco da trama, Carrigan provou, mais uma vez, que tem versatilidade para sair da bolha typecast.
Dominique Fishback, em Enxame
Vai ser lamentável se Dominique Fishback não estiver concorrendo ao Emmy deste ano na categoria melhor atriz de minissérie. Por Enxame, a nova-iorquina de 32 anos arrasou no drama do Prime Video, interpretando Dre, jovem fã obcecada de uma artista tipo Beyoncé, chamada de Ni’jah.
Dominique tem um arsenal de cenas tocantes e chocantes. Sua personagem embarca em cruzada na qual confronta todo tipo de pessoa que já falou mal da cantora na internet. Deixando traços de (muito) sangue para trás, ela vira serial killer investigada pela polícia. A complexidade de Dre representa o lado sombrio de uma pessoa que, no fundo no fundo, só almeja ser amada.
Gabriel Leone, em Dom
A trajetória de Gabriel Leone é emblemática. Passo a passo, ele foi avançando casinhas até ganhar o grande papel da carreira: viver o piloto brasileiro Ayrton Senna em série internacional da Netflix. Esse posto só foi alcançado por causa de Dom (Prime Video), que colocou o ator em evidência no mundo todo. Ele foi revelado na “escola de atuação” da Globo, a Malhação; esteve na 21ª temporada, em 2014.
Gabriel Leone interpreta em Dom o protagonista batizado com o título do drama visceral. Pedro Dantas, o Dom, é um playboy da classe média carioca, filho de ex-policial. O que poderia se tornar apenas mais uma juventude à toa usufruindo de seus imensos privilégios se transformou em vida no crime.
Expondo o quanto a sociedade é preconceituosa, seu visual e cor de pele não levantam suspeitas, ele se aproveita disso para virar bandido graúdo, especializado em roubar mansão, procurado pela polícia e tema preferido de um programa policialesco sensacionalista da TV. Leone desempenha esse papel com destreza e é digno de todos os elogios.
Gina Rodriguez, em Não Estou Morta!
Talvez não seja indicada, mas Gina Rodriguez entregou uma atuação de Emmy na divertidíssima Não Estou Morta! (Star+). A atriz de 38 anos está irresistível no papel da repórter Nell Serrano, que por causa de diversas tribulações na vida acaba sendo responsável por escrever obituários para um jornal californiano. A cereja do bolo: ela vê e conversa com os fantasmas das pessoas mortas enquanto escreve sobre a trajetória de vida delas.
Graciosa e cheia de charme, Gina Rodriguez gasta todo seu talento cômico na pele de Nell, indo além das impagáveis caras e bocas que dão o tom da personagem. Até o humor físico ela topa, tudo para criar a identidade leve e engraçada do papel.
Jeremy Strong, em Succession
Com seu estilo radical de atuação, sem sair do personagem nem para ir ao banheiro, Jeremy Strong mira feito histórico. Ele busca a terceira vitória no Emmy como melhor ator de drama, algo alcançado nesta categoria apenas por cinco atores ao longo de 74 edições; James Gandolfini (The Sopranos), James Spader (Boston Legal) entre eles.
É possível ganhar um argumento dizendo que Kendall Roy, personagem de Strong, foi o mais importante da última temporada de Succession (HBO). E o ator elevou o nível mostrado em levas anteriores, atuando melhor do que as outras duas vezes nas quais levou a estatueta do Oscar da TV para casa.
Rachel Brosnahan, em The Marvelous Mrs. Maisel
A comédia The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video) encerrou sua trama com um dos melhores finais de séries de todos os tempos. A magnífica Rachel Brosnahan ganhou oportunidades de mostrar mais de Midge com várias cenas do futuro inseridas nos episódios derradeiros, seja madura no auge da fama de comediante ou curtindo a velhice.
Rachel concluiu Maisel praticamente sendo uma só com sua personagem. Disparando falas rápidas e exibindo trejeito singular, a humorista enfim conseguiu seu sonho, mas não sem antes enfrentar perrengues, como ser a única mulher na sala de roteiro do talk show mais popular da TV dos EUA. A série fez belo serviço com a protagonista, resultando em ótimas cenas e momentos perfeitos para a atriz mostrar que está bem acima da média.
Sarah Snook, em Succession
A atriz australiana Sarah Snook trocou o certo (ganhar Emmy de coadjuvante) pelo duvidoso (entrar na disputa como atriz protagonista). Ela, de fato, assumiu um papel de grande responsabilidade na quarta e última temporada do drama da HBO, com sua Shiv no centro das atenções. Mas a briga vai ser grande pela estatueta, rivalizando principalmente com Melanie Lynskey (Yellowjackets).
No contexto da narrativa de Succession, Shiv esteve em uma crescente até o final, quando foi sacrificada em troca de uma conclusão mais abrangente. Mesmo assim, a personagem roubou a cena em vários momentos, mais ainda quando achava estar se dando bem para logo depois quebrar a cara ao descobrir que lhe passaram a perna.
Tyler James Williams, em Abbott Elementary
O eterno Chris de Todo Mundo Odeia o Chris está na melhor fase da carreira. Após ganhar o Globo de Ouro por Abbott Elementary (Star+), Tyler James Williams é um dos favoritos ao Emmy de melhor ator coadjuvante de comédia ao lado de veteranos como Harrison Ford (Falando a Real) e Henry Winkler (Barry).
Abbott Elementary fez um bem tão grande para Williams que até galã ele virou. Seu personagem, o sério professor Gregory, está inserido naquele jogo do vai dar namoro ou não com Janine, vivida por Quinta Brunson. A sitcom é um refresco no meio da atual overdose de séries, e Williams ganhou o papel ideal e fundamental dessa engrenagem.
Valeria Golino, em A Vida Mentirosa dos Adultos
Um furacão em cena, Valeria Golino tomou conta da minissérie italiana A Vida Mentirosa dos Adultos (Netflix). A atriz encanta encarnando Vittoria, mulher desbocada formada na faculdade da vida que se chama rua, moldada pelas experiências dolorosas do convívio social. Ela se coloca como oposta do irmão, Andrea (Alessandro Preziosi), que é letrado, pedante e acadêmico. Os dois se desprezam e, entre eles, está o carinho e cuidado com a adolescente Giovanna (Giordana Marengo), filha de Andrea, a protagonista.
Vittoria é a personagem da minissérie que mais se parece com o que Elena Ferrante relatou no livro homônimo no qual a trama se baseou. E Valeria foi o encaixe perfeito. O espectador sente as angústias da tia, pintada como uma megera pelo irmão. Como Giovanna a vê por outro prisma, tem-se então uma dinâmica explosiva entre esse trio.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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