A atriz Michelle Yeoh, aos 60 anos, é a grande favorita para levar o Oscar de melhor atriz na edição a ser realizada no domingo (12), pelo filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (Prime Video). Lenda do cinema de ação, ela tem uma carreira repleta de sucessos. Os fracassos estão ali também. Um deles foi na Netflix, onde naufragou com a série Marco Polo só por causa de uma amizade.
Com personalidade afável, sem pisar em ovos, a atriz malaia de origem chinesa foi sincera ao falar sobre o motivo de ter aceito o convite para entrar no elenco de Marco Polo na segunda temporada. A série foi a primeira tentativa da Netflix de fazer um arrasa-quarteirão mundial, uma verdadeira superprodução. A aposta foi alta, e o baque foi proporcional. O drama de época faz parte da lista das piores séries feitas pela gigante do streaming.
“O que me atraiu para fazer Marco Polo? A verdade é esta: John Fusco”, revelou Michelle Yeoh em entrevista, na época (2016), para o site Decider. Roteirista e produtor, Fusco criou Marco Polo e foi o showrunner da atração. Naquele ano, os dois trabalharam juntos no filme original da plataforma, O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino, sequência do celebrado O Tigre e o Dragão (2000).
Desde a primeira temporada, Fusco queria colocar Michelle na atração da Netflix. Mas daí apareciam os obstáculos de agenda lotada, outros compromissos… Quando começou a produção da segunda leva, o roteirista procurou a amiga e lhe ofereceu um papel especial, praticamente feito exclusivamente para ela.
No caso, a personagem foi citada no final da primeira temporada de Marco Polo, assim como em atrações especiais paralelas. A atriz topou e, então, A Criada, chamada de Lótus, ganhou carne e osso. Ela foi uma das antagonistas da segunda temporada, armando um plano contra o imperador Kublai Khan (Benedict Wong).
Acabou que Michelle protagonizou um dos raros bons momentos da temporada. A personagem dela tinha uma conexão forte com o monge lutador Cem Olhos (Tom Wu). No quinto episódio, os dois travaram uma bela luta que foi além da arte marcial em si, exigindo uma dramaticidade pelo significado da cena dramática, na essência da palavra.
Esse tropeço na carreira de Michelle Yeoh logo foi superado nos anos vindouros, tanto no cinema (brilhando no filme Podres de Ricos) quanto na TV (entrou para o elenco de apoio de Star Trek: Discovery). O longa Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo deve lhe dar a maior consagração que uma atriz pode receber.
O flop de Marco Polo
Eis o primeiro fracasso criativo da Netflix. Vale recapitular. Na época, há nove anos, Marco Polo era a segunda série mais cara já feita em toda a história da TV americana, atrás apenas de Game of Thrones, então chegando no auge. A pretensão da Netflix era fazer algo espetacular, impactante, com atores de várias nacionalidades contando a história do desbravador italiano do século 13.
Praticamente tudo não funcionou. O ponto fraco foi um elenco canastrão quase inacreditável de tão destoante (com raras exceções). Fora o uso de registros e dados históricos não confiáveis. Uma coisa boa que se salvou de Marco Polo foi a vinheta de abertura (veja acima), que tem espaço entre as mais belas da plataforma.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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