Uma das séries mais importantes desta década, Yellowstone caminha para o final da quinta (e última?) temporada desenrolando a narrativa que provocou um choque e tanto: a morte do protagonista John Dutton 3º, vivido por Kevin Costner. Essa decisão se deu por conta de desentendimentos entre Costner e o criador do drama faroeste, Taylor Sheridan.
O showrunner optou por esse caminho, não escondendo o jogo de forma alguma, retratando o assassinato de seu personagem principal logo no começo da parte 2 da quinta temporada. A seguir, vieram os desdobramentos da trama em preparação para o ponto-final (ao menos da atual leva).
Yellowstone não foi a única grande série da TV americana que simplesmente matou o protagonista ou um personagem de enorme destaque, seja por qual motivo for. O Diário de Séries lista cinco produções que fizeram o mesmo. Confira:
Charmed
A atriz Shannen Doherty (1971-2024) foi um dos alicerces do tripé que sustentou a série Charmed durante as três primeiras temporadas, de 1998 a 2001. Mas ela acumulava problemas nos bastidores, marcada por controvérsias e rumores de desentendimentos com colegas de elenco e produtores, o que levou à sua saída prematura do drama sobrenatural.
Com o passar do tempo, versões distintas sobre o que realmente aconteceu atrás das câmeras surgiram. Fato é que a personagem de Shannen, a bruxa Prue Halliwell, foi morta, com sua alma indo para o mundo do além. A série, contudo, precisava de um trio de bruxas para fazer sentido, e Rose McGowan a substituiu na pele de outra bruxa até a oitava e última temporada.
Grey’s Anatomy
Aqui se deu aquele caso clássico da showrunner vingando-se de um ator com quem teve uma rixa. Em cena típica de dramalhão novelesco, o icônico cirurgião Derek Shepherd, interpretado por Patrick Dempsey, morreu após sofrer um acidente de carro, em episódio exibido em 2015. Ele era o mocinho de Grey’s Anatomy (Disney+), par romântico de Meredith Grey (Ellen Pompeo).
Em 2021, um livro bombástico reuniu várias histórias dos bastidores de Grey’s Anatomy. Mau comportamento, estafa e desentendimento com Shonda Rhimes, a criadora da série, levaram à demissão de Dempsey do drama médico. Relatos apontam que ele chegava atrasado para as gravações, irritava a produção e tomava outras atitudes deselegantes.
House of Cards
Em 2017, a Netflix executou uma ação polêmica: demitiu Kevin Spacey de House of Cards, a maior e melhor série da gigante do streaming naquele momento. Tudo porque o ator foi acusado de abuso sexual. Foi o fim abrupto de uma parceria que colocou a Netflix no mapa (de onde surgiu o tão famoso tudum, vindo do personagem de Spacey no drama político).
Frank Underwood (Spacey), que chegou a ser presidente dos Estados Unidos, morreu envenenado. E o ator, desde então, está sem trabalhar em Hollywood, ao menos em produções de peso; Spacey ganhou dois Oscars ao longo da carreira.
Sete anos depois desse caso, ele é tratado pela Justiça como inocente. Em todos os julgamentos que enfrentou, tanto nos Estados Unidos quanto na Inglaterra, Kevin Spacey foi absolvido. As acusações falavam de seu comportamento sexual, de supostas investidas não consentidas e coisas do tipo. Acontece que nenhuma delas foi considerada crime, embora possam ser algo de mau gosto ou impróprias.
The Good Wife
No drama jurídico The Good Wife (Paramount+), uma das últimas grandes séries da TV aberta americana, se deu uma situação bastante comum: o que fazer com um ator de primeira linha que simplesmente não quer mais atuar na série? Isso aconteceu em 2014 com Josh Charles, intérprete do advogado Will Gardner, interesse romântico da protagonista Alicia Florrick (Julianna Margulies).
A dupla de criadores da série, Robert e Michelle King, optou por um fim da linha impactante: Will morreu ao ser vítima de um tiroteio… que aconteceu dentro de um tribunal! Para a dupla de showrunners, a morte do personagem foi necessária pensando na jornada romântica que Alicia teria dali em diante.
Transparent
O caso de Jeffrey Tambor em Transparent, um dos primeiros hits do Prime Video, foi similar ao de Kevin Spacey. Em meio a acusações de má conduta sexual, a série optou por seguir em frente na reta final sem o seu protagonista (Tambor sempre negou as alegações contra ele).
O ator viveu Maura Pfefferman, professora universitária aposentada, divorciada e mãe de três filhos, que se assumiu transgênero. A morte da personagem foi fora da tela, vítima de um aneurisma aórtico. O criador da série aproveitou essa situação longe do ideal para explorar questões sobre o luto. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
