Quanta coisa muda na sociedade em quatro décadas? Caso queira fazer um experimento assistindo a séries, pode acompanhar as criações de Darren Star. O diretor, roteirista e produtor está por trás de grandes sucessos da TV desde 1990, quando deu os primeiros passos no mundo do entretenimento com a lendária Barrados no Baile. Mais de 40 anos depois, ele continua em alta tocando Emily em Paris, comédia sensação da Netflix.
E tudo começou quando tinha apenas 28 anos, bastante novo para ter o nome cravado como criador de uma das mais populares séries de todos os tempos. Mas lá estava ele, assinando Barrados no Baile, uma mistura de novela com drama teen, algo que, segundo ele, ninguém havia feito algo parecido.
De fato, tudo o que girava em torno do universo teen, em se tratando de um entretenimento de prestígio, não considerava adolescentes ou jovens adultos como fonte de criação. Barrados no Baile mudou isso, influenciando uma geração inteira em todas as frentes, do modo de se vestir à como se comportar. Era o jovem falando com jovem.
Star já demonstrava na época a rara felicidade de saber refletir na TV histórias dramáticas que adolescentes viviam na transição para a juventude adulta. Barrados no Baile é uma cápsula completa e perfeita do que foi a década de 1990, fonte de nostalgia para quem viveu aqueles anos, além de ser ponto de curiosidade para quem gosta de viajar no tempo e conhecer como era a vida no passado.
Barrados no Baile durou dez temporadas, de 1990 a 2000. Paralela a ela teve o spin-off Melrose Place, outro hit, que contou com sete temporadas (1992-1999). Juntando ambas, são mais de 500 episódios de puro suco dos anos 90.
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Na virada do milênio, Darren Star investiu em outro filão. Ele criou a icônica Sex and the City (1998-2004), comédia multipremiada da HBO focada em um grupo de mulheres maduras em busca de prazer, diversão e sucesso no trabalho no pedaço chique de Nova York.
Esse exercício de examinar o passado ocorre neste instante com Sex and the City. Desde que passou a ficar disponível na Netflix, jovens que sequer haviam nascido na época do lançamento da série passaram a acompanhar as aventuras de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) e companhia. Entre avaliações negativas e cringe, nasce uma análise interessante sobre como pensamentos e hábitos da sociedade mudaram, principalmente em se tratando do universo feminino.
A década de 10 é retratada em Younger (2015–2021). Aqui, Darren Star aborda a clássica relação no trabalho entre duas mulheres de gerações diferentes, provocando o tal choque de cultura. No caso, uma jovem de 26 anos, vivida por Hilary Duff, vira amiga de uma mulher madura quarentona e mãe divorciada, papel de Sutton Foster.
O bastão de Younger foi entregue para Emily em Paris, entrando nos anos 2020. Entram em cena as redes sociais, a visão de jovens mulheres empoderadas e a nova onda do feminismo.
Sucesso absoluto no auge da pandemia de Covid-19, servindo como um necessário escapismo da dura realidade do confinamento, a comédia chegou ao topo por ter uma vibe estilo filme Sessão da Tarde, com uma trama simples, recheada de romance e glamour. Isso fez Emily em Paris, independentemente de qualquer crítica negativa, fincar seu lugar de destaque na história das séries.
Saiba onde assistir a essas cinco séries de Darren Star (no streaming):
- Barrados no Baile (indisponível)
- Melrose Place: Mercado Play
- Sex and the City: Max e Netflix
- Younger: Prime Video e Pluto TV
- Emily em Paris: Netflix •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br