O mundo das séries celebra o aniversário de dez anos de Orange Is the New Black, produção revolucionária da Netflix. Vale lembrar que a trama não foi a primeira de Hollywood sobre presidiárias. No final dos anos 1980, a rede americana Fox ainda engatinhava na TV americana e buscava uma série diferentona para se destacar da concorrência. Veio então Women in Prison, comédia ambientada em uma cadeia feminina.
Bizarro é pouco para definir o que foi essa atração, avó de Orange: a cela parecia aquelas do Chapolin Colorado, as prisioneiras ficavam mais fora das grades do que dentro e usavam jaquetas jeans, salto alto… Até agulha de tricô tinham.
Em 11 de outubro de 1987, a Fox lançou Women in Prison no horário nobre. A comédia até apresentava um pouquinho de pedigree por ter no time de criação o roteirista e produtor Ron Leavitt, que naquele mesmo ano desenvolveu e estreou a bem-sucedida Um Amor de Família. Women in Prison, porém, fracassou: teve só uma temporada, com 13 episódios.
A maluquice da trama começa pela primeira cena. A dondoca Vicki Springer (Julia Campbell) foi presa acusada de furto em loja. O marido dela, advogado, se predispõe a defendê-la. Mas ele, ao contrário do esperado, disse que a mulher era culpada. Na verdade, o maridão armou uma cilada para colocá-la na cadeia, podendo assim viver ao lado da amante.
Vicki caiu dentro de uma cela tipo quarto de república universitária. Outras três detentas ocupavam o mesmo xadrez: a mulher presa por matar o marido (agressor, diga-se de passagem), outra pega na prostituição e a veterana enquadrada por roubo a banco.
O laranja não era o novo preto na moda da penitenciária Bass Women’s Prison, localizada no interior dos Estados Unidos (Wisconsin). As presas vestiam a roupa que bem entendiam, com escolha de acessórios e direito até a perfume.
A cadeia só podia ser a mais luxuosa das redondezas e de segurança abaixo do mínimo. As celas viviam abertas, com as prisioneiras andando de lá e para cá livremente, vigiadas por uma única carcereira. Sem contar uma cela que tinha um teclado dentro.
As piadinhas pesadas bem no estilo Um Amor de Família eram ditas aos montes durante os episódios. Uma detenta ficou com medo de outra por esta ser “esquisita” (por “esquisita” entenda: ser lésbica). Vicki, ao se candidatar para ser secretária do chefe da cadeia, conseguiu o emprego somente após cruzar as pernas e mostrar um pedaço da coxa…
Não foi surpresa, então, o cancelamento depois de uma única temporada. Contudo, como acontece com esse tipo de série surreal dos anos 1980, Women in Prison atrai fãs com o passar do tempo, que buscam na internet os episódios raros.
A reação comum, seja de quem é mais velho ou da pessoa nascida no século 21, é ficar chocado e perguntar: como uma série desse naipe foi aprovada para ir ao ar?
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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