A efervescente reta final da quinta temporada de Yellowstone, com novos episódios aos domingos no Paramount+, colocou definitivamente o rótulo de algoz em Jamie (Wes Bentley), jurado pelos irmãos adotivos, Beth (Kelly Reilly) e Kayce (Luke Grimes), por ajudar a orquestrar o assassinato do pai, John Dutton (Kevin Costner). Ou, na verdade, o advogado é vítima dessa história toda?
Tem muitos fãs que justificam e defendem as ações radicais tomadas por Jamie, que oficialmente não tem nenhum envolvimento com a morte do pai, embora tenha maquinado todo tipo de armação, incluindo uma contra o irmão, Kayce, tendo a peguete Sarah Atwood (Dawn Olivieri) como comparsa. O próprio ator engrossa esse coro, dizendo que não tem como definir seu personagem com exatidão.
Em entrevista ao site TVLine, Wes Bentley revelou que muitas pessoas o abordam dizendo torcer pelo patinho feio da família Dutton, que estaria sendo manipulado por forças maiores. “Muitos veem claramente que ele é uma pessoa ferida, que está fazendo o melhor para atender ao que é esperado dele”. O ator completou: “Tem gente que se identifica com o que ele [Jamie] está passando. E isto é o que o torna bastante interessante, por não ser fácil de defini-lo.”
“Jamie não é um cara explicitamente do mal. Ele está fazendo essas coisas porque as pessoas para as quais ele parece ser um antagonista são aquelas que estão pedindo para ele fazer as coisas que as estão antagonizando! É uma dinâmica da qual ele não consegue sair. Não tem como vencer.”
Desde o começo da quinta temporada, Jamie provou ser um dos grandes pivôs de Yellowstone, fonte de histórias bombásticas estouradas no (provável) fim da série.
Adotado pelo patriarca John, Jamie foi aquele filho que não agradou ninguém. O sonho dele era ser um caubói e trabalhar ao lado do pai, mas o chefe da casa não quis assim. Contra sua vontade, Jamie foi criado para virar um acadêmico, um profissional liberal, forçado a estudar Direito e tirar carteirinha de advogado. Atualmente, exerce o cargo de procurador do Estado de Montana.
Jamie nunca conseguiu fazer o que desejava, fato propulsor de um ódio contra o pai, por exemplo. John não se intimidava em humilhá-lo, até mesmo em público, como quando passou por cima dele na movimentação mirando a cadeira de governador do Estado de Montana. Jamie queria esse cargo, mas viu o pai tomar o poder. Com John morto, o caminho se abriu para a ovelha negra dos Duttons ocupar o espaço deixado vazio.
Além do pai, Jamie sempre teve de lidar com a ira mortal (sem exagero) vinda da irmã, a destemida Beth. Como se fosse um esporte a ser praticado diariamente, ela também o humilhava em toda a oportunidade, focando em enfraquecê-lo e atacando sua masculinidade.
Fato é que John e Beth infernizaram a vida de Jamie. Foram pessoas que o perseguiram por toda a vida, sempre lhe fazendo mal.
Jamie é interessante pela dubiedade, por ter traços de mocinho e vilão. Essa situação o coloca no centro de debates: ele é bom ou ruim? Merece torcida ou não? As respostas não são simples nem fáceis, o que só reforça como ele é um personagem importante no desfecho de Yellowstone. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br