
O conselho de administração da Warner Bros. Discovery (WBD) anunciou, nesta quarta-feira (17), que optou por rejeitar formalmente a aquisição hostil apresentada pelo grupo Paramount Skydance Corporation, avaliada em US$ 108 bilhões. Também deixou claro aos acionistas que a proposta não supera, nem em valor nem em segurança, o acordo já firmado com a Netflix.
A decisão, embora esperada pelo mercado, tende a abrir um novo capítulo na disputa pelo controle de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.
Essa negativa foi apenas uma derrota no primeiro round para a Paramount. A empresa da montanha agora terá de decidir se tenta convencer diretamente os acionistas da Warner a aderir à oferta atual ou se eleva o valor proposto.
O executivo David Ellison, CEO e presidente da Paramount, estava aguardando a resposta da Warner antes de definir os próximos passos. Caso uma nova investida seja apresentada, a Netflix terá o direito de igualar ou superar os termos, o que pode desencadear um novo leilão.
Em comunicado, o presidente do conselho da WBD, Samuel A. Di Piazza Jr., afirmou que, após uma análise detalhada, a oferta da Paramount foi considerada insuficiente e carregada de riscos relevantes para os investidores. Segundo ele, a proposta repete problemas apontados em tentativas anteriores e não resolve questões que vinham sendo discutidas ao longo de seis abordagens feitas pela empresa da montanha.
Para a direção da Warner, a combinação com a Netflix oferece uma perspectiva mais sólida, com maior previsibilidade de retorno e benefícios estratégicos mais claros.
Um dos principais pontos de preocupação envolve a estrutura de financiamento apresentada pela Paramount. A Warner destacou fragilidades no chamado “backstop” oferecido por um truste revogável ligado a Larry Ellison, cuja composição patrimonial não foi detalhada e cujos ativos podem ser alterados ao longo do tempo.
Também pesou negativamente a participação de fundos soberanos do Oriente Médio, incluindo aportes bilionários da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e do Catar, considerados fontes adicionais de incerteza. A retirada da Tencent da negociação, após questionamentos regulatórios, reforçou a avaliação de risco feita pelo conselho.
Outro fator que contribuiu para o clima de tensão foi a postura jurídica adotada pela Paramount, descrita pela Warner como excessivamente litigiosa e pouco construtiva, especialmente após o envio de uma carta de advogados no início de dezembro que gerou desconforto até entre assessores do próprio consórcio rival.
Diante desse cenário, a Warner mantém o discurso de estabilidade. Em mensagem interna aos funcionários, David Zaslav, CEO da WBD, afirmou que o acordo com a Netflix segue em vigor e que as equipes trabalham para concluir a operação, ainda sujeita às aprovações regulatórias.
O futuro, no entanto, permanece em aberto: resta saber se a Paramount dobrará a aposta e se a Netflix estará disposta a sustentar a disputa até o fim. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



