
A versão matriz de The Office volta a ficar disponível no Brasil. O streaming HBO Max programou para o próximo dia 17 (quarta-feira) a reestreia na plataforma das duas temporadas da sitcom britânica que é a base de tudo. Dela saiu a inspiração para a The Office americana (a mais famosa de todas, estrelada por Steve Carell, vencedora do Emmy de melhor comédia).
Considerada uma das melhores sitcoms de todos os tempos, a The Office britânica foi criada e estrelada por Ricky Gervais, comediante destemido e famoso por sua acidez. Dessa atração surgiram 13 adaptações internacionais, incluindo a americana; a mais recente veio da Austrália, com o selo do Prime Video.
Exibida entre 2001 e 2003, a The Office original é ambientada em uma filial fictícia da empresa britânica de papel Wernham Hogg, instalada no distrito industrial de Slough. A série adota o formato de falso documentário para revelar o cotidiano de um escritório onde nada parece acontecer. E, justamente por isso, tudo acontece.
Ali, o gerente-geral David Brent (Gervais) tenta comandar a equipe enquanto busca incansavelmente, e quase sempre sem sucesso, a aprovação dos colegas. Suas tentativas de estreitar relações redundam em constrangimentos públicos, tropeços verbais e gafes que escancaram seu repertório involuntário de comentários inadequados, da ironia desajeitada a deslizes raciais e de gênero.
Ao redor desse chefe, que insiste em ser amado, está um ambiente corporativo à deriva entre o tédio e o absurdo. É nesse cenário que se desenrola o outro eixo narrativo: a relação discreta, porém carregada de tensão emocional, entre o vendedor Tim Canterbury (Martin Freeman) e a recepcionista Dawn Tinsley (Lucy Davis).
O vínculo entre os dois nasce de pequenas trocas, silêncios compartilhados e um afeto crescente que ganha força apesar da barreira evidente: o noivado de Dawn com Lee (Joel Beckett), um cara rígido e controlador que é funcionário do depósito da empresa.
Com humor fino e observação precisa do comportamento humano, essa The Office transforma a rotina aparentemente banal do escritório em um campo fértil para dramas íntimos, pequenas crueldades, fragilidades expostas e lampejos de ternura, sempre captados pela câmera intrusa que tudo testemunha. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br



