PACIENTE VIRA CLIENTE

Na Globo, The Good Doctor denuncia perversidades de hospital privatizado

Drama médico aborda questão importante que afeta a sociedade
DIVULGAÇÃO/ABC
Paige Spara (à esq.) com Rachel Bay Jones na 5ª temporada de The Good Doctor
Paige Spara (à esq.) com Rachel Bay Jones na 5ª temporada de The Good Doctor

Nesta quinta-feira (20), na Globo, o drama médico The Good Doctor começa um de seus arcos narrativos mais valorosos, com o segundo episódio da quinta temporada. Intitulado de A Questão do Bolo, esse capítulo marca a entrada da narrativa em debate de suma importância: o investimento privado na saúde. Privatizar é a única e mais razoável solução para sanar os problemas financeiros e administrativos de um hospital?

The Good Doctor acerta ao abordar esse tópico. Ao longo dos próximos episódios, a série apresentará todo tipo de argumento, seja a favor ou contra o investimento privado em setor tão sensível ao bem-estar da sociedade, cujo atendimento trata de situações de vida ou morte, literalmente.

Uma nova personagem lidera a discussão. Salen Morrison, interpretada por Rachel Bay Jones, foi apresentada no episódio passado como mais uma paciente do hospital St. Bonaventure. Na verdade, ela fingiu necessitar de ajuda médica para avaliar os funcionários da instituição, pois estava interessada em comprar o hospital; aquisição que foi concretizada.

Rachel Bay Jones em cena da 5ª temporada de The Good Doctor
Rachel Bay Jones em cena da 5ª temporada de The Good Doctor

No segundo episódio da quinta temporada, o “choque de gestão” de Salen ganha corpo. A começar pelo jeito de tratar as pessoas que precisam de atendimento. Segundo ela, essas devem ser chamadas de “clientes”, não de “pacientes”. Isso já dá uma ideia da visão voltada apenas ao capital da nova diretora.

Ela dá inúmeras ordens problemáticas, com o dinheiro sendo o verdadeiro motor das decisões. Caso algum paciente -quer dizer, “cliente”-  tenha a opção de passar por cirurgia cara ou possa apenas receber um tratamento simples, a segunda opção deve ser a escolhida. Economizar é a prioridade, não a saúde do “cliente”.

Da mesma forma, é preciso evitar atender qualquer pessoa sem plano de saúde. Afinal, isso acarreta em o próprio hospital ter de quitar a conta dessa assistência médica.

E não deve ser esquecido o plano de poupar uns míseros trocados na compra de medicamentos e itens usados no repaginado St. Bonaveture.

Dependendo do ponto de vista, Salen pode ser rotulada de vilã maquiavélica tipo Disney ou a heroína vindo do céu. Essas percepções que o telespectador terá, ficando na gangorra entre um lado e outro, são sentidas pelos personagens, o que deixa a trama de The Good Doctor bem dinâmica.

Vai ter quem apoie Salen, abraçando o novo método de trabalho. Na outra ponta estão os do contra, aqueles que destacam as consequências nocivas das ordens determinadas pela chefe.

Apesar de ser referência, principalmente por causa de suas cirurgias e do programa de residência, o St. Bonaventure estava de fato em situação delicada, respirando por aparelhos. Salen chegou para livrar a instituição do pior, injetando dinheiro. 

Agora… qual o custo real disso? Quanto vale, abstratamente, entregar um hospital ao capital, que chama paciente de cliente? A parte inicial da quinta temporada de The Good Doctor explora essas e outras indagações.


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