O programa mais visto atualmente no Prime Video, à frente até mesmo do badalado drama de espionagem Citadel, é um “filme”. É entre aspas assim mesmo porque na verdade é uma série que se transformou em longa metragem. Estrelada por Sophie Turner (Game of Thrones) e Corey Hawkins (24 Horas: O Legado), Tempestade fez parte do catálogo do Quibi, streaming que surgiu para ser a Netflix dos celulares, mas flopou de forma retumbante.
Com esse nome esquisito, o Quibi surgiu no final da década passada. A ideia do negócio chamou a atenção de toda Hollywood, com talentos de várias áreas embarcando em projetos na nova plataforma. O diferencial do serviço: aplicativo somente para celulares, com episódios de séries girando em torno de dez minutos, podendo ser vistos com o aparelho na vertical.
A empresa surgiu em 2018, emplacando várias atrações lideradas por nomes da alta prateleira da indústria de entretenimento americana. A expectativa era que as pessoas assistissem ao conteúdo do streaming durante a rotina do dia a dia, como na hora do almoço fora de casa ou em outras atividades triviais. O lançamento se deu em abril de 2020; o fim veio em dezembro do mesmo ano.
Note que o lançamento veio em plena pandemia de Covid-19. Com as pessoas dentro de casa, como vender um app feito para ser acessado fora do lar? Eis um dos pontos centrais que derrubou o Quibi.
Toda videoteca robusta do Quibi foi vendida a preço de banana para a Roku. Algumas séries foram transformadas em filmes, justamente por terem episódios curtos que juntos chegam perto das duas horas de duração. Foi o caso de Jogo Perigoso (Most Dangerous Game) que também fez sucesso no Prime Video como “filme”.
Saiba tudo sobre Tempestade
Tempestade (Survive, nome da série em inglês) tem como base um livro homônimo. Lançada em abril de 2020, o drama contou com 12 capítulos. Agrupados, gerou um longa com 1 hora e 48 minutos de duração.
De longe, Tempestade foi a série do Quibi que ganhou as críticas mais negativas, estampando manchetes em todo o noticiário, além até mesmo do de entretenimento. O ponto de discórdia foi, logo no começo da trama, a cena de suicídio vivida pela personagem de Sophie Turner. A atração recebeu acusações de sensacionalizar o ato, mostrando em detalhes consequências de automutilação, por exemplo.
Jane (Sophie) é uma jovem que sofre de depressão e tem ideações suicidas. Não há, na narrativa, nada que justifique ou contextualize a tal cena aterrorizante. Parece que realmente foi executada apenas para chocar mesmo.
Na história, Jane vai embarcar em um avião de volta para casa, após passagem por um centro de reabilitação. Ela decidiu morrer no banheiro da aeronave, de overdose, ingerindo diversos remédios. Isso em pleno voo.
Bem na hora, o avião enfrenta problemas sérios e bate em uma montanha. Ela sobrevive junto com outro passageiro, Paul (Corey Hawkins). Os dois fazem de tudo para escapar da neve e retornar a vida em sociedade. Paul não mede esforços para manter Jane segura e viva, enfrentando, além da mente da jovem, problemas como avalanche e mais.
Por esse papel, Corey Hawkins recebeu uma indicação ao Emmy de 2002, na categoria melhor ator de drama ou comédia de série curta; perdeu para Laurence Fishburne, de #FreeRayshawn, outra produção do Quibi.
Na tradução direta para o português, survive significa sobreviver. Esse seria um nome mais adequado para a trama, embora o título de Tempestade não seja tão ruim assim.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br