A autenticidade da segunda temporada de Justiça (Globoplay) tem uma razão de ser. Praticamente todas as cenas foram gravadas em locações reais no Distrito Federal, decisão fundamental para justamente transmitir ao público um aspecto fidedigno único. O coração do Brasil serviu de cenário para os dois polos da trama, o mais humilde e o mais refinado.
Na periferia do DF, Ceilândia e Sol Nascente servem de lar para os personagens menos favorecidos da história. Sol Nascente que é, de acordo com o IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), a maior favela do país em número de domicílios, ultrapassando a Rocinha, situada na cidade do Rio de Janeiro.
Já aqueles personagens montados no dinheiro moram em regiões nobres, como Lago Sul e Lago Norte, na área central de Brasília, capital do Brasil.
Balthazar (Juan Paiva), motoboy preso injustamente acusado de roubo à mão armada, mora na comunidade Sol Nascente, cerca de 34 km distante de Brasília. A favela é também o lar de Geíza (Belize Pombal), presa por matar um traficante que estava agredindo sua filha.
Justiça aproveitou a passagem por Sol Nascente para gravar várias cenas nas ruas da comunidade, destacando assim a precariedade da região.
Já em Ceilândia fica a casa da família de Carolina (Alice Wegmann), assim como o mercado do seu tio Jayme (Murilo Benício).
Por sua vez, o casarão em que Jordana (Paolla Oliveira) reside com o marido, Egisto (Marcello Novaes), está na parte de Brasília onde moram famílias da elite econômica. No caso de Nestor (Marco Ricca) e Silvana (Maria Padilha), a mansão deles faz parte do Lago Sul, com a ponte Juscelino Kubitschek vista no horizonte.
Em entrevista ao site gshow, a criadora de Justiça, Manuela Dias, falou sobre como foi gravar a segunda temporada no Distrito Federal: “O plano piloto é explorado como pano de fundo, e Ceilândia é o nosso centro. Foi encantador, fiz viagem com a equipe [de produção] e fiquei fascinada. É um lugar que tem identidade cultural.”
“É uma cidade do cotidiano, é uma cidade super cinematográfica”, completou Gustavo Fernández, diretor artístico do drama. “A própria Ceilândia tem uma visual diferente.”
Justiça 2 tem essa identidade forte por conta de como Ceilândia e Sol Nascente ganharam vida na tela. “Tem a ver com histórias não contadas, silenciadas historicamente em que personagens são achatados por funções sociais”, disse Manuela.
Novos episódios da segunda temporada de Justiça entram no Globoplay toda quinta-feira (quatro por semana), até 23 de maio; são 28 capítulos, no total.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br