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Sob nova direção, Globo de Ouro muda para ser mais plural e ético

Premiação busca resgatar prestígio; cerimônia de 2024 acontece no domingo (7)
DIVULGAÇÃO/DCP
Decoração de evento que revelou os indicados ao Globo de Ouro 2024
Decoração de evento que revelou os indicados ao Globo de Ouro 2024

Depois de perder credibilidade, o Globo de Ouro busca retomar seu espaço como segunda premiação mais importante para as séries, atrás do Emmy. Sob nova direção, a cerimônia deste ano, a ser realizada no domingo (7), marca o início de uma nova era. O objetivo é apagar o passado manchado pela falta de representatividade, seja de gênero ou racial, e acusações de suborno/compra de votos.

Em junho, foi anunciado que a parceria Dick Clark Productions e Eldridge Industries (holding) comprou todos os ativos, direitos e propriedades do Globo de Ouro que pertenciam à Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, a HFPA, organizadora desde 1944 da importante cerimônia anual que premia os melhores do cinema e da TV. Agora, o Globo de Ouro é administrado por uma empresa com fins lucrativos.

O primeiro passo para a mudança foi ampliar o corpo de votantes, priorizando a diversidade. São 300 jornalistas com direito a voto na premiação, representando 75 países. Dentre eles, 47% são mulheres. E 60% se identificam como não brancos (26,3% latinos, 13,3% asiáticos, 11% pretos e 9% do Oriente Médio).

Assim, o Globo de Ouro se autointitula a mais etnicamente diversa premiação do circuito hollywoodiano.

A ideia a partir disso é fazer com que os indicados às categorias sejam plurais, representando todo tipo de pessoa, não ficando apenas em candidatos majoritariamente brancos. A edição deste ano já prova que o efeito é real.

Entre os concorrentes nas disputas de atuação, nomes como Pedro Pascal (The Last of Us), Quinta Brunson (Abbott Elementary), Ayo Edebiri (O Urso), Selena Gomez (Only Murders in the Building), Ali Wong (Treta), David Oyelowo (Homens da Lei: Bass Reeves) e Steven Yeun (Treta) se destacam.

O escândalo sobre a falta de ética e representatividade no Globo de Ouro foi revelado pelo jornal Los Angeles Times, em 2021, notícia que caiu como uma bomba em Hollywood. Uma investigação meticulosa revelou que HFPA não tinha jornalistas negros entre os filiados. Alguns integrantes da associação foram acusados ​​de fazer comentários sexistas e racistas, além de solicitar favores de celebridades e estúdios de cinema em troca de votos.

Agora, a HFPA não tem qualquer ligação com o Globo de Ouro; a associação ainda existe. Os 95 integrantes fixos da HFPA passaram a ser funcionários da nova entidade criada para organizar a premiação.

Outras polêmicas

O novo Globo de Ouro reacendeu uma nova polêmica. Esses 95 jornalistas tratados como funcionários vão receber dinheiro para votar, o que não ocorre no Oscar e Emmy, por exemplo. Os outros 200 e poucos votantes convidados não ganham nada.

Cada um desses 95 jornalistas pode aceitar um salário anual de US$ 75 mil (R$ 369 mil) para cuidar de toda a parte criativa e organizacional da cerimônia, incluindo o processo de votação e escolha dos vencedores. Quem quiser pular fora da empreitada vai receber uma fortuna de indenização: US$ 225 mil (R$ 1,1 milhão).

Fora isso, tem uma questão de ética levando em conta possível conflito de interesses por parte das empresas por trás do Globo de Ouro de agora em diante. A Eldridge, por exemplo, tem participação na badalada produtora A24, com filmes e séries concorrentes em premiações.

O Globo de Ouro perderia o glamour e legitimidade ao passar a ser um produto meramente comercial, menos confiável. Em entrevista ao jornal Los Angeles Times, Todd Boehly, presidente da Eldridge e investidor no negócio, rebateu essa visão: 

“Não os vejo [jornalistas] como votantes assalariados. O voto é apenas parte de uma das funções deles dentro da organização. E não sei por qual motivo um jornalista não pode votar em algo. Onde está a regra que diz isso?”

A 81ª edição do Globo de Ouro vai ser realizada no domingo (7), a partir das 22h, com transmissão ao vivo no canal TNT e no streaming HBO Max.

Veja a lista dos indicados nas categorias de séries


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