PASTEURIZAÇÃO

Simplificação da trama de The Witcher é culpa dos americanos, diz produtor

Há uma razão sobre os livros serem tão diferentes da série da Netflix
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Cartaz da terceira temporada de The Witcher
Cartaz da terceira temporada de The Witcher

O fã de The Witcher raiz, o dos livros, a turma do “cheguei aqui quando tudo era mato”, tem uma bronca comum sobre a adaptação da Netflix. A gigante do streaming simplificou a trama, optando pela pasteurização. Isso, de fato, aconteceu e, na visão de Tomek Baginski, produtor-executivo do drama fantasioso, boa parte da culpa recai sobre o público americano.

Ele discorreu sobre o tema em entrevista ao site polônes Wyborcza. Baginski comentou as nítidas mudanças de rumo da adaptação televisiva em relação aos livros. Embora a fidelidade entre um e outro seja impossível, até por questões técnicas e logísticas, a questão de The Witcher belisca fatores específicos, alguns envolvendo a Netflix diretamente.

“Quando uma série é feita para uma grande massa de telespectadores, com diferentes experiências, de diferentes partes do mundo, e grande parte deles são americanos, essas simplificações não só fazem sentido, elas são necessárias”, afirmou.

“Isso é doloroso para nós”, continuou. “Mas quanto maior o nível de nuance e complexidade, menor será a audiência, não conseguindo atingir assim muitas pessoas. Às vezes as alterações são drásticas, contudo temos de fazê-las e aceitá-las.”

O debate sobre como adaptar os livros de The Witcher em série da Netflix sempre rodeou a produção. Acredita-se que esse foi um dos motivos da saída de Henry Cavill como protagonista, na pele de Geralt de Rívia.

Amante de toda a mitologia de The Witcher, dos livros ao game, o ator tinha deixado claro, em entrevista à The Hollywood Reporter, que toparia fazer sete temporadas da atração “desde que as histórias contadas honrem o trabalho de [Andrzej] Sapkowski [autor do universo The Witcher].”

Eis o detalhe. O ator teve desentendimentos com os showrunners da série sobre o andamento da narrativa, principalmente quando o assunto era adaptar os enredos da coleção de livros homônima. O relacionamento estava azedo e foi rompido.

Sempre um livro terá detalhes mais ricos e aprofundados do que uma série ou filme, basicamente por ter a oportunidade de ser mais minucioso. No caso de The Witcher, a saga tem nove volumes, só calhamaços (tem um com mais de 500 páginas). Logicamente, coisas vão ficar de fora na adaptação.

Além das decisões criativas e de tempo, tem circunstâncias inesperadas que contribuem para cortes e afins, como relatou Baginski ao Wyborcza:

“Tem situações nas quais as mudanças são fruto do caos da produção. Se um ator adoece, por exemplo, todo o enredo de seu personagem precisa ser editado e reescrito em poucas horas para rodar no dia seguinte. A máquina de produção não pode parar. Existem muitas razões compreensíveis pelas quais decisões polêmicas são tomadas, mas o espectador não tem esse contexto, Daí, aquele trecho específico da história foi melhor narrado no livro.”

Em tempo: aos trancos e barrancos, The Witcher é exemplo de sucesso de audiência na Netflix. A primeira temporada está entre as dez mais vistas, entre produções de língua inglesa, em toda a história da plataforma. E a segunda leva está há cinco semanas seguidas no ranking top 10, sendo líder em três delas.


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