O streaming Max deu sinal verde para mais uma série brasileira sobre traficantes e o mundo do crime. Segundo informações da coluna Play, do jornal O Globo, a plataforma da Warner encomendou um drama que narra a rotina de uma família de criminosos que domina uma favela há cinco décadas.
Por trás dessa atração, ainda sem nome definido, está José Junior, o mesmo das populares séries do chamado Afroverso disponíveis no Globoplay, todas com temática policial e/ou criminal: A Divisão, O Jogo que Mudou a História e Arcanjo Renegado.
Afroverso é o universo cinematográfico das séries produzidas pela AfroReggae Audiovisual, com enredos e personagens que se conectam.
Essa nova produção nacional da Max conta com a consultoria de Alexander Mendes da Silva, conhecido como Polegar, ex-chefe do tráfico da Mangueira (Rio de Janeiro). A equipe de roteiristas tem profissionais especializados em atrações desse tipo, como Clara Meirelles, de Impuros (Disney+).
É mais uma vez a fabricação de séries brasileiras caindo no lugar-comum e estereotipado. São inúmeros os exemplos de atrações nacionais que ou são estritamente sobre bandidos (como essa da Max) ou que insistem em mostrar favela e o mundo do crime como uma coisa só.
Nesse último exemplo, encaixa-se o drama médico Sutura, do Prime Video, lançado em novembro do ano passado. A narrativa até poderia ser interessante, a não ser por um detalhe. A base da história apresenta um jovem periférico que sonha em ser doutor. A jornada positiva e refrescante desemboca no fútil, porém: o protagonista tem envolvimento com o crime. O protagonista passa a atender bandidos de uma facção mesmo sem ter diploma de médico.
Tem ainda o caso de um drama nacional, em desenvolvimento na Netflix, batizado de Academia Delfim, que conecta o mundo do esporte com o crime organizado. Nele, um jovem em ascensão no esporte, chamado de Marcelo, tem sua caminhada afetada por problemáticas do passado. Ele é encontrado baleado por um professor de boxe. Recuperado, começa a treinar a nobre arte e demonstra ter grande talento.
A Max é a casa de Cidade de Deus: A Luta Não Para, série brasileira que é revival do famoso filme homônimo. A história se passa duas décadas depois dos acontecimentos do filme premiado internacionalmente. O ponto de partida é o trabalho fotográfico do agora adulto Buscapé (Alexandre Rodrigues), que quer ser chamado de Wilson ao invés do apelido.
Quando o traficante Lampião (Thiago Martins) deixa a cadeia, a Cidade de Deus novamente vive no meio de uma disputa tensa. Os moradores se veem acuados entre traficantes, milícia e poder público, mas a necessidade de escapar desse ciclo faz a comunidade se unir para enfrentar o opressor. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
