
Com atores do Japão e da Coreia do Sul, a série Românticos Anônimos é uma adaptação asiática do filme franco-belga de mesmo nome, lançado em 2010. O mais novo dorama da Netflix traz Shun Oguri na pele de Sosuke, um homem incapaz de ter contato físico com outras pessoas. Ao seu lado está Han Hyo-joo, interpretando Hana, uma mulher que tem medo do contato visual. O amor mútuo pelo chocolate os une.
Uma comédia romântica fofa, Românticos Anônimos é boa, sim. Acima de tudo, a atração apresenta uma história sensível que acompanha dois protagonistas marcados por traumas e feridas emocionais profundas. Os oito episódios mostram, de forma delicada, como eles se encontram e constroem uma nova vida juntos.
Embora se enquadre no gênero amoroso, o drama se destaca por sua reflexão sobre saúde mental, explorando como experiências dolorosas moldam nossas personalidades e interferem em nossos relacionamentos. A produção busca encenar com autenticidade as ansiedades de Hana e Sosuke, evitando reduzir suas dificuldades a meros clichês.
Os personagens centrais não são expansivos nem chamativos; ambos carregam a timidez e a introversão impostas por suas próprias inseguranças. Por isso, a narrativa não se apoia em grandes decisões ou gestos dramáticos, mas em pequenos momentos compartilhados, construídos à medida que eles se revelam e demonstram que podem confiar um no outro.
Essa abordagem confere à série um ritmo lento e cuidadoso, permitindo que cada personagem se mostre de maneira orgânica, tornando o romance mais convincente e comovente.
Românticos Anônimos: sinopse do dorama
Em meio ao glamour de Le Sauveur, uma boutique de chocolates que combina charme histórico com estética digna de redes sociais, Hana (Han Hyo-joo) se mantém como uma figura enigmática. Ela é a mente criativa por trás dos doces que fazem sucesso instantâneo entre clientes ávidos por experimentar os mais recentes bombons e criações artesanais, mas prefere permanecer anônima.
Nem os funcionários da loja sabem sua identidade; apenas Kenji (Eiji Okuda), proprietário e mentor de Hana, conhece seu segredo. Ela entrega suas obras-primas e desaparece sem deixar rastros, evitando qualquer contato visual devido a uma intensa fobia que, até então, ninguém compreende.
Do outro lado da história, Sosuke (Shun Oguri), executivo da gigante Confeitaria Futago, luta para transformar a reputação da empresa de chocolates baratos e sem sofisticação. Pressionado pelo próprio pai, que também é seu chefe e prioriza lucros acima de qualidade, ele se vê impotente diante de ideias que poderiam elevar a marca.
Assim como Hana, Sosuke convive com uma condição psicológica: a germofobia, que o impede de ser tocado. Consciente de sua limitação, ele reluta em buscar ajuda, mas, ao contrário de Hana, inicia um tratamento terapêutico com EMDR (abordagem de psicoterapia integrativa destinada a tratar distúrbios psicológicos), sob orientação da doutora Irene (Yuri Nakamura).
O encontro entre os dois acontece de forma inesperada. Quando a Futago adquire a Le Sauveur e Sosuke assume a gerência da loja, Hana surge para se apresentar como a “Chocolatière Anônima”. Um momento de magia e comédia surge quando ela tropeça em seus braços, e pela primeira vez ambos percebem que o contato físico e o olhar compartilhado não provocam rejeição. É como se um completasse o outro, uma ponte para enfrentar os próprios medos. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br