Na temporada 2022-2023, mais mulheres apareceram em realities shows ou programas de competição do que em séries roteirizadas (comédias e dramas). É o que aponta o estudo anual Boxed In, que desde 1997 monitora a representação feminina no universo do entretenimento. O levantamento é feito pelo departamento da Universidade Estadual de San Diego, na Califórnia, dedicado a acompanhar o trabalho de mulheres no cinema e na TV, à frente e atrás das câmeras.
A pesquisa da última temporada catalogou mais de 3.500 personagens de toda a TV americana, e mais de 4.500 créditos dos bastidores, isso nas atrações de TV aberta e streaming.
O resultado que mais chamou a atenção foi que os reality e game shows estão mais próximos de representar a população feminina real, com 50% dos competidores e participantes sendo do sexo feminino. Enquanto isso, apenas 43% dos personagens de comédias e dramas foram mulheres.
Essa igualdade em reality e game shows faz sentido. Pegando o caso de realities de namoro/pegação, é preciso ter um número igual de mulheres e homens, mesmo naqueles abertos a relacionamentos homoafetivos.
Outro achado importante é a concretização do sentimento de que quanto mais velha fica uma mulher, com mais idade, menos trabalho ela consegue em Hollywood, pois o número de personagens maduras e idosas é pequeno se comparado com as jovens.
Na TV aberta, personagens na casa dos 30 anos de idade formaram 47% do todo. Mas na faixa dos 40 anos, a proporção despenca para 14%. No streaming, a queda vai de 38% (30 anos) para 17% (40 anos).
O cenário fica pior com o avanço da idade. O estudo aponta que mulheres com +60 anos são “dramaticamente sub-representadas”. A TV aberta teve apenas 3% de personagens dessa faixa etária; 4% nos streamings.
“A participação de personagens femininas basicamente não mudou nada, na TV aberta, em mais de uma década”, acrescentou a doutora Martha Lauzen, diretora-executiva do centro da SDSU voltado ao monitoramento de mulheres na TV e no cinema.
“Em 2007-2008, as mulheres representavam 43% de todos os personagens”, destacou Martha. “Já em 22-23, veja que as mulheres foram 44% de todos os personagens. E isso é o mesmo nos streamings: as mulheres representaram 44% dos personagens em 2016-2017; e 45% em 22-23”.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br