
Duas novas séries da Netflix são exemplos de como a plataforma está mudando de cara.
Ransom Canyon e Pulso simbolizam essa mudança, com narrativas simples e didáticas.
Não tem tramas complexas nem cifradas.
Como uma novela, os personagens não apenas descrevem o que vão fazer, mas falam o que estão pensando…
É a obediência a uma ordem que vem de cima, orientação que visa se encaixar no hábito de muitas pessoas que assistem alguma coisa na Netflix e, ao mesmo tempo, estão envolvidas em outra atividade, de lavar uma louça à prática de exercícios físicos.
Quem não se concentra 100% em um episódio, por estar fazendo duas ações ao mesmo tempo, assistir mais fazer qualquer outra coisa, facilmente pode perder o fio da meada de uma trama.
Daí vem o truque de os personagens, constantemente, descreverem o que estão fazendo, o que vão fazer… além de externar os pensamentos. É o que a novela faz há anos.
Ransom Canyon tem muito disso. Em certo momento, um personagem fala sozinho ao volante, situação rara de ser vista em atrações mais refinadas. O drama faroeste é narrado a todo instante, mesmo sem uma narração oficial.
No caso de Pulso, a ideia é fazer as famosas séries procedurais, aquelas com um caso apresentado, investigado e resolvido num único episódio. É a fórmula de sucesso da TV aberta americana, lar dos maiores dramas médicos de todos os tempos, e a Netflix copia mesmo porque sabe que é uma fórmula bem-sucedida. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br