Você tem o hábito de ver séries true crime antes de dormir? Cuidado, isso pode ser problemático, segundo a psicóloga Thema Bryant, presidente da Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês). Especializada em estudos sociais sobre como as pessoas se relacionam com os outros e com si própria, ela fez esse alerta importante em entrevista ao podcast da autora best-seller Mel Robbins.
Um dos pontos das pesquisas feitas por Thema consiste na motivação de superar traumas, medos. Ela desenvolveu esse tema no livro Homecoming. Phd formada em Harvard e Duke, universidades de elite nos Estados Unidos, a psicóloga destaca que tal qual uma boa alimentação e hidratação, o sono e a preparação para ele é crucial no objetivo de ter vida melhor e mais saudável.
Daí, como ficam as pessoas que, antes de dormir, para relaxar, escolhem ver séries true crime ou algum conteúdo relacionado? Eis um questionamento provocante, dito por Thema:
“Se a sua ideia de distração, antes de dormir, é assistir à três episódios de Law & Order, eu encorajo você a pensar porque trauma é algo que te faz relaxar”
Tem gente que nessa hora liga a TV para ver algo mais leve, divertido, tipo uma sitcom. Então, por que ficar vidrado em histórias pesadas é a opção de relaxamento para alguém?
Seja no campo da pesquisa ou no atendimento diário de pacientes, Thema tem experiência em lidar com gente assim, que se sente bem, consciente ou inconscientemente, ao ver cenas de “violência, ataques, abusos, crimes”. Então, ela pergunta: “É isso que me faz ficar bem na cama, antes de dormir?”
Segundo a psicóloga, esse hábito pode demonstrar a relação intrínseca de determinada pessoa com o que é visto na tela, ou seja, a violência, os ataques, etc. Ela falou sobre o que escuta de seus pacientes, no divã, como justificativa dessa conexão entre agressividade e relaxamento.
“Para essas pessoas, a violência é normal, familiar”, pontuou. Há uma razão para isso. “Alguns de nós crescemos em lares tóxicos, com muito estresse. Logo, calma, alegria e tranquilidade são sensações falsas ou entediantes.”
Ou seja, para alguém dentro desse contexto, qualquer sitcom bobinha é capaz de provocar mais estresse e raiva do que um drama pesado sobre um serial killer. Aquela dinâmica bem-humorada parece fake e distante devido ao fato de não ser algo comum em sua rotina.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
