CRINGE

Por que The Curse está sendo chamada de série mais desconfortável do ano?

De micropênis a sensacionalismo barato, a nova série do Paramount+ tem de tudo
REPRODUÇÃO/SHOWTIME
Nathan Fielder com Emma Stone na série The Curse
Nathan Fielder com Emma Stone na série The Curse

Cringe elevada à décima potência. Com toda a razão, o drama satírico The Curse (Paramount+) ganhou o rótulo de série mais desconfortável do ano. De micropênis a sensacionalismo barato, passando por cena de sexo constrangedora, a produção encabeçada por Emma Stone e Nathan Fielder é imperdível por causa desses e outros tantos elementos embaraçosos.

A trama de The Curse segue a nova empreitada do casal Whitney (Emma) e Asher Siegel (Fielder), donos de um inovador projeto imobiliário que assumem o comando de um programa de reformas de casas e estabelecimentos, desses tão populares vistos na TV paga, batizado de Flipanthropy. A jornada deles é essencialmente cringe. Quando você achar que viu de tudo, a próxima cena vai te provar que não.

Vencedora do Oscar por La La Land – Cantando Estações (2016), Emma Stone emplaca seu melhor trabalho na TV, superando a esquecida Maniac (2018), da Netflix. Sua personagem jura que pode ganhar dinheiro, ser reconhecida e valorizada no mercado imobiliário, colaborar com a preservação do meio ambiente e, ainda por cima, ajudar pessoas desfavorecidas vítimas da gentrificação (bairro simples que se transforma em bairro de rico por conta da especulação imobiliária).

Claro, não dá para fazer tudo isso ao mesmo tempo, são coisas que não dão liga. Mas Whitney crê que sim. Seu narcisismo só é varrido para debaixo do tapete quando as câmeras de seu programa estão ligadas. Aí ela cria uma ilusão e aparenta ser simpática, exalando positividade tóxica.

O tal programa de reformas é uma das fontes de desconforto. The Curse abre as cortinas dos bastidores de um reality show desse naipe. E como não poderia deixar de ser, pouco de real tem ali. O diretor da atração, Dougie Schecter (Benny Safdie), não mede esforços para criar confusão, barracos e coisas do tipo. A fabricação de emoção chega ao ponto de forçar que uma pessoa chore na frente das câmeras, turbinando um momento dramático e comovente.

Em português, curse significa maldição, feitiço ou praga. A razão desse título é concretizada na cena, armada, na qual o diretor Dougie encoraja Asher a dar dinheiro para uma garota que vende refrigerantes em um estacionamento. “Vai ser bom mostrar você retribuindo à comunidade”, justifica Dougie.  

Porém, Asher percebe que em sua carteira só tem uma nota de cem dólares. Ele dá o dinheiro para a menina, pensando na gravação. Mas depois de o registro ser feito, ele retorna e pega o dinheiro de volta, dizendo que vai trocá-lo para lhe dar um nota de valor menor. É nessa que a menina joga uma maldição/feitiço/praga nele.

Asher não bota fé em uma praga jogada por uma garota, mas Whitney fica receosa. Coincidência ou não, logo em seguida ocorrem eventos ruins para ambos, como uma conversa altamente constrangedora entre Asher e o sogro sobre tamanho de pênis, com direito a não um, mais dois closes nos infames micropênis.

Assinada pela badalada produtora A24, The Curse engata uma cena cringe atrás da outra (tem sexo com vibrador e masturbação simultânea bizarra). O espectador logo saca qual é a da série e acaba querendo mais e mais constrangimentos, naquela aposta de ver até onde a série vai nessa toada na base do “já que o mico não é comigo mesmo, tá valendo.”

The Curse foi lançada semana passada; episódios inéditos entram no Paramount+ todo sábado.


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