A segunda temporada de A Casa do Dragão está chegando; lançamento será em 16 de junho, na HBO e Max. Agora… a série só tem material novo para exibir porque não paralisou os trabalhos quando Hollywood entrou em greve dupla durante o ano passado, movimento que durou seis meses. Contudo, o prelúdio de Game of Thrones não é fura-greve no sentido legal da palavra. Já no aspecto moral…
Após enfrentar a pandemia de Covid-19 nos trabalhos da primeira temporada, a equipe de A Casa do Dragão encarou o problema da greve dupla, liderada por roteiristas e atores, em plena gravação do segundo ano. Mas, por conta de uma situação única, foi possível manter os sets armados e as câmeras ligadas.
O drama fantasioso da HBO tem seu QG em Londres (Inglaterra), e a produção tem contrato firmado com o sindicato dos atores do Reino Unido, o Equity. Ou seja, não havia nenhum vínculo com as partes envolvidas em Hollywood: o SAG (sindicato dos atores) e o WGA (dos roteiristas).
Assim, a série estava livre de qualquer interrupção, podendo seguir na labuta normalmente. Apesar desse sinal verde protocolar, um sentimento de culpa pairava os ares da produção.
“Foi difícil. Foi uma m*, não vou mentir”, disse a roteirista-chefe Sara Hess, em entrevista ao site Entertainment Weekly. “Conversamos com o WGA e, no final das contas, eles entenderam que, se deixássemos o set, eles [executivos da HBO] iam fazer a série sem nós. Não acho que o WGA gostou da ideia, mas eles concordaram com a não paralisação do nosso trabalho, desde que só como produtores.”
Detalhe: Hess não poderia mexer em uma palavra sequer do roteiro. Ryan Condal, cocriador da série, contou que tudo em relação aos textos dos capítulos estava pronto de antemão, revisado. Isso devido ao fato do roteiro ser uma das primeiras coisas a ficarem 100% prontas em uma produção desse tamanho. Hesse comentou que os roteiros foram finalizados em janeiro de 2023.
A roteirista ficou viajando de Londres a Hollywood, participando de piquetes nos Estados Unidos e trabalhando na Inglaterra. “Não foi uma coisa legal de viver”, confessou. “A greve do SAG também foi difícil porque muitos dos nossos atores são integrantes do SAG também e se mostraram solidários com a causa. Eles também ficaram divididos sobre o que fazer.”
Sempre muito franco, George R.R. Martin, um dos criadores e roteiristas de A Casa do Dragão, ficou “chocado” ao saber que leis inglesas permitiram que as gravações seguissem em frente como se nada estivesse acontecendo.
Em seu blog pessoal, o escritor comentou sobre a situação incomum: “Embora o Equity apoie com força os primos americanos [se referindo ao SAG], leis britânicas proíbem os atores do Equity de cruzarem os braços em solidariedade.”
Se fizessem isso, “eles ficariam desprotegidos legalmente, podendo ser demitidos por rompimento de contrato ou até mesmo ser processados na Justiça”, disse Martin.
