REPRODUÇÃO
Ameaça de greve em Hollywood é iminente
A greve dos roteiristas em Hollywood se aproxima. Daqui a duas semanas termina o atual vínculo entre o sindicato da categoria (WGA) e a entidade patronal que representa os nove maiores estúdios da indústria de entretenimento americana (AMPTP). Na mesa de negociações o streaming é pintado como o grande vilão. Um produtor, representando o lado dos patrões, saiu em defesa das plataformas nesse duelo.
O ponto-chave do atrito é o repasse dado pelos streamings (chamado de residual) aos roteiristas. O sindicato quer uma reformulação nesse modelo, alegando que os seus filiados estão ganhando pouco em comparação com o lucro obtido pelas plataformas. Dentro dessa visão, houve uma queda salarial em comparação à prática antiga predominante, quando o que imperava em Hollywood eram a TV aberta e os canais pagos.
Em entrevista ao site Deadline, um produtor argumentou, de forma anônima, a favor dos streamings, expondo um outro lado da negociação. “[Os streamings] têm sido fantásticos para os roteiristas”, disse. “Eles [roteiristas] estão se beneficiando de uma maior oportunidade de trabalho, com produtoras aprovando projetos mais do que nunca.”
Ele trouxe um dado: “Desde setembro de 2017, o volume de conteúdo de língua inglesa lançado pelos streamings aumentou mais de 250%.”
O produtor citou que mesmo uma série cancelada continua disponível nos streamings, “sendo fonte de residual para os roteiristas”. É um cenário diferente do modelo TV aberta/canal pago, quando uma série cancelada simplesmente sai do ar e o roteirista deixa de ganhar qualquer trocado com ela.
“Há uma enorme oportunidade de trabalho que simplesmente não existiria se não fosse por essas plataformas e seus enormes investimentos na produção de conteúdo original”, afirmou. “Na verdade, os streamings deram aos filiados do WGA a chance de ganhar mais dinheiro de residuais.”
Esse vaivém de argumentos está sendo feito neste momento entre ambas as partes, o WGA e a AMPTP. Os filiados do sindicato já autorizaram a diretoria a decretar greve, caso não haja acordo com os patrões até 1º de maio, data do fim do contrato vigente.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br