FATO VS. FICÇÃO

O Sequestro do Voo 601: história real é (bem) diferente da retratada na série

Drama colombiano estreou na plataforma do tudum entre as mais assistidas
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Alian Devetac (à esq.) com Valentín Villafañe em O Sequestro do Voo 601
Alian Devetac (à esq.) com Valentín Villafañe em O Sequestro do Voo 601

Minissérie colombiana que estreou na Netflix direto no ranking top 10, O Sequestro do Voo 601 tem inspiração em uma história real ocorrida em 30 de maio de 1973. O que seria uma viagem tranquila de Bogotá a Medellín, na Colômbia, virou um pesadelo após dois homens armados sequestrarem a aeronave.

Acontece que o fato foi bastante diferente do encenado na produção da gigante do streaming. O que faz valer aquele aviso padrão em atrações de tipo, mostrado no caso ao final de cada um dos seis episódios:

Esta história é baseada em eventos reais. Personagens, incidentes e lugares foram criados para efeitos dramáticos e não pretendem refletir a realidade.

O caso real é um dos sequestros aéreos mais notórios ocorridos na América Latina, sendo um dos primeiros a ganhar destaque na imprensa; e um dos mais longos de todos. O avião Lockheed L-188 Electra, registrado como HK-1274, foi capturado por dois paraguaios, ambos ex-jogadores de futebol, que tomaram tal decisão por motivação financeira, sem interesse político.

Subsidiária da Avianca, a SAM (Sociedade Aeronáutica de Medellín) era a operadora do voo, com escalas nas cidades de Pereira e Cali antes de aterrissar no destino final. Em Pereira, embarcaram Francisco Solano Lopez e Eusébio Borja. Cerca de 12 minutos depois, eles anunciaram o sequestro.

Vale registrar que durante os anos 1960 e 1970, vários voos foram sequestrados em toda a América Latina, tornando-se um crime corriqueiro como assalto a banco.

As exigências dos sequestradores só foram ditas em Aruba, no Caribe, para onde a aeronave foi após abastecer o tanque em Medellín. A dupla fez ameaças, caso seus pedidos não fossem atendidos. Eles diziam que iriam explodir o avião; mas era mentira, pois não carregavam bombas.

Até o final do sequestro, a aeronave viajou por 22.750 km, parando em aeroportos do Equador, Peru, Paraguai e Argentina. Isso para evitar ficar durante muito tempo em um local, não sendo alvo de alguma ação terrestre da polícia.

Francisco e Eusébio queriam um pagamento de US$ 200 mil em dinheiro vivo e não largaram a mão do avião até conseguirem o que exigiam. A cada parada, passageiros ou eram liberados pelos sequestradores ou conseguiam fugir deles.

O fim começou quando Eusébio e Francisco aceitaram receber uma quantia de US$ 50 mil das autoridades policiais em troca dos últimos reféns. A fuga foi planejada assim que tomaram posse do pagamento, com um criminoso descendo na Argentina e o outro, no Paraguai. 

O pouso derradeiro da aeronave foi em Buenos Aires, 60 horas depois da decolagem inicial em Bogotá; ninguém morreu (84 passageiros foram reféns, mais a tripulação).

Durante todo o sequestro, a dupla usou máscaras. Por isso, foi difícil identificá-los durante a missão criada para capturá-los. Só Francisco foi pego e preso, cumprindo pena de cinco anos atrás das grades. Já Eusébio nunca foi encontrado.

A trama de O Sequestro do Voo 601

A história da minissérie da Netflix tem alguns elementos diferentes da história real. Dois revolucionários armados sequestram o voo 601 e ameaçam explodir o avião caso o governo colombiano não liberte 50 prisioneiros políticos e pague um resgate em dinheiro.

Quando os líderes políticos se recusam a negociar, os agressores começam a atirar em um passageiro por hora e desviam o avião para cruzar a América Latina. 

Enquanto isso, o capitão e dois membros da tripulação tentam enganar os sequestradores e negociam com as autoridades locais. Em meio ao terror iminente, a tripulação precisa lutar para levar os reféns de volta para casa em segurança.

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