A Netflix lança, na sexta-feira (26), um true crime que promete. Chega na plataforma a minissérie O Caso Asunta, retrato de um dos casos criminais mais chocantes da história policial e judicial da Espanha que mobilizou grande cobertura da imprensa e comoveu toda a população. Trata-se de Asunta Basterra, menina chinesa que morreu asfixiada, aos 12 anos. Os pais adotivos dela foram condenados como coautores do crime.
Asunta morreu em 21 de setembro de 2013. Neste dia, Rosario Porto (Candela Peña) e Alfonso Basterra (Tristán Ulloa) foram à polícia dar queixa do desaparecimento da filha. Horas depois, o corpo da garota foi encontrado perto de uma estrada na cidade de Santiago de Compostela.
A minissérie aborda todos os lados da investigação até a condenação. A notícia do crime abalou toda a Espanha, e Rosario e Alfonso foram prontamente apontados como possíveis mentores do assassinato. O que levaria os pais a acabar com a vida da própria filha? O que se esconde por trás dessa família perfeita?
Em outubro de 2015, um júri popular declarou o casal espanhol culpado por ter drogado e asfixiado Asunta; eles foram condenados a 18 anos atrás das grades. Segundo a promotoria, o assassinato foi premeditado pelo casal, mas executado pela mãe. Em novembro de 2020, Rosario foi encontrada morta na prisão; Basterra continua preso.
O Caso Asunta: true crime macabro
O roteirista e produtor Ramón Campos, showrunner da minissérie O Caso Asunta, fez um documentário sobre a investigação, lançado em 2017. Agora, ele apresenta novos elementos na trama ficcional, em que poderá se aprofundar mais na relação dos pais da menina, descortinando motivações e abordando a psique deles.
Um dos fatores que chamam a atenção desse true crime é que tanto Rosario quanto Tristan estavam longe de ter uma ficha criminal, sequer apresentavam inclinações tenebrosas. Tinham estilo de vida normal, como qualquer casal, e eram proeminentes na sociedade local.
Ou seja, eles poderiam ser qualquer um de nós… Por isso, causou perturbação as informações sobre a premeditação do assassinato. A frieza chegou ao ponto, como revelado pela investigação, de eles terem dado à menina uma overdose de medicamentos sedativos antes de sufocá-la.
Esse caso gerou muita comoção na Espanha, o que levou a debates em todos os cantos sobre saúde mental, negligência infantil e os limites da riqueza e privilégio. Consequentemente, o julgamento foi bastante midiático, atraindo a atenção de uma multidão.
A minissérie mostra o casal em três fases: antes do divórcio, depois do divórcio e depois do assassinato da filha. Rosario e Basterra estavam separados quando decidiram adotar Asunta ainda bebê. Ela era advogada, ele é jornalista. A relação entre os dois sempre foi tensa, incluindo infidelidade.
Rosario sofria de surtos de lúpus eritematoso sistêmico (LES), o que levou os médicos a desaconselhar a gravidez; por isso o casal decidiu iniciar um processo de adoção, na China. O LES é uma doença inflamatória causada quando o sistema imunológico ataca seus próprios tecidos.
Graças a depoimentos, câmeras de vigilância, registros de telefones e aparelhos digitais, foi possível reconstruir as ações completas dos pais, quase minuto a minuto, antes da morte de sua filha.
O julgamento durou quatro semanas. Foram convocadas 135 testemunhas. A deliberação do júri chegou ao fim após quatro dias.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br